Trekking: o que levar?

O livro “Trekking” de Athayde Tonhasca Jr. (escolha o menor preço e compre aqui) foi uma de minhas fontes mais importantes para o planejamento e o aproveitamento máximo de nossas “aventuras”.

Segundo esta obra o termo Trekking veio em decorrência das longas e árduas caminhadas (viagens migratórias) dos colonos europeus, na África do Sul, nos anos 1800. As expedições eram chamadas de “treks”, daí o surgimento do termo que hoje conhecemos para a designação desta envolvente modalidade esportiva.

E o que levar em um Trekking?

Para vestir (seja extremamente econômico):

– Agasalho (dispensar se for um trekking litorâneo, pela praia, por exemplo);

– Capa de chuva (ideal é a do tipo Anorak que ocupa pouco espaço e é leve)

– 1 muda de roupa (escolha tecidos que sequem rápido, após a lavagem, como “tactel”, por exemplo. Coloque na cabeça que você deve repetir a roupa, sim! rsrs… Trata-se de um trekking e, não, um desfile!…)

 – Chapéu (escolha o tipo que possui aba na frente e atrás – tipo expedicionário – de forma a proteger do Sol seus ombros, orelhas e pescoço)

– Luvas (do tipo que protegerá sua mão no caso de precisar pegar em algo que possa machucá-lo ou se firmar em uma corda – a luva usada em mecânica é barata, leve e serve para este fim, embora não seja a ideal)

Refeições:

– Refeições devem girar em torno de 0,5 a 1,0 Kg/pessoa/dia. É claro que o ideal é a utilização de alimentos mais calóricos e, com isso, a relação “peso do alimento x dia” pode ser reduzida. Por mais “natureba” que você seja, não tem sentido em comer “folhas” no meio de um Trekking….rs…(Ideal é: castanha do Pará, nozes, frutas secas – banana desidratada é ótimo, cup noodles, miojo, chocolate, barra de cereal, granola, etc…).

– Água – ao menos duas garrafinhas “pet” de meio litro cada.

Equipamentos e Apetrechos (gostaram do termo?!…rs…):

– PROTETOR SOLAR (nem pensar em esquecer…)

– conjuntinho de panela e caneca (próprio para camping e quanto menor melhor)

– fogareiro (só se a programação do trekking exigir que se esquente água, por exemplo! O melhor é não levar esta peça e se adaptar a comer comidas prontas, mas se achar que não consegue, escolha o fogareiro menor possível – para não pesar – a base de álcool).

– saco plástico grosso – não economize comprando sacos que rasguem fácil (serve para trazer seu lixo de volta e para várias outras finalidades)

– Conjunto de talheres – Escolha do tipo que vem junto colher, garfo e faca e, ainda, às vezes, já vem com abridor de lata e garrafa. Assim, ocupa menos espaço e fica mais organizado

– Canivete – Escolha um bom, daqueles do tipo suíço que vem com várias funções. Um função que NÃO pode faltar é o alicate.

– Fita adesiva “Silver Tape” – Diversas utilidades. Haja o que houver, leve-a. Na hora do aperto, você vai me agradecer.

– Papel higiênico (preciso dizer o pra quê?!)

– Toalha pequena

– Escova e pasta de dentes

– Sabonete (pequeno – do tipo fornecido em hotel)

– Vela

– Fósforo

– Isqueiro (..e se o fósforo molhar?..)

– Cantil (alumínio ou plástico)

– GPS (…só para o caso de um trekking que NÃO seja pela praia…senão será peso morto…)

– Bússola (idem, idem caso do GPS)

– Bloquinho de papel e lápis/caneta

– Cajado ou bastão de caminhada (é opcional, mas ajuda muito quem o utiliza. Se forem dois, ao invés de um, melhor ainda…)

– Mapa Impresso do trajeto todo, com as devidas observações. Obtido através do Google Earth/Maps

– Óculos escuros (para trekkings de praia, no verão, é equipamento indispensável)

– Corda (do tipo leve e resistente para escalada – pode ser fundamental para a suspensão de equipamentos e até pessoas quando se deparam com pequenos obstáculos, tais como falésias, por exemplo).

Porém, o mais importante na escolha do que levar é danada da disciplina. Se a gente não tiver muita, acaba levando coisa demais, muitas vezes, um peso extra que vai ser sentido durante todo o trajeto, tornando desconfortável nossa viagem, provocado por algo que nunca será usado.

O que posso dizer é que você deve resistir à tentação de levar muitas peças de roupa, mais de um calçado, mais de uma sunga/biquini e tantas outras coisas que só vão fazer você se arrepender no caminho.

Mas, o que realmente nunca poderá faltar num trekking é a máquina fotográfica/filmadora e o espírito preparado e descontraído daquele que se realiza com novos desafios.

Boa sorte!

HSF

Eu vejo o “Big Brother”

dicesar_atireiopaunogatoO título deste post soa como uma envergonhada confissão. Fazer o quê? Eu vejo “Big Brother” e ponto! Eu sei que desagrado a todos os meus amigos intelectuais (…e também àqueles que são só “metidos” a intelectuais…rs….) que consideram o programa uma perda de tempo, anticultura, um exemplo de mau uso da televisão. Os mais radicais acham até que caberia uma ação civil pública para tirar aquela “merda” do ar…

Bom, começo minha defesa lembrando o óbvio (rs): gosto não se discute! Além disso, saio em defesa do BBB, pelo menos, quando para me sacanear, os intelectuais de plantão o comparam com novelas, programas de auditório, Faustão, Luciano Huck e toda sorte de porcarias à nossa disposição na programação da TV nacional. Chegaram ao cúmulo de compararem o reality show com o Programa do Raul Gil……ahhh….. tenha a santa paciência…..assim, dá até vontade de mandar pra PQP, aproveitando a rima rica contida no nome do apresentador de microfone dourado…

Voltando à defesa, tais comparações não têm sentido, salvo melhor juízo. Parece coisa de quem está exercitando puro preconceito ou de quem nunca parou para ver. É o mesmo que dizer “não gosto daquela comida, mas nunca comi”. O BBB é curioso por se tornar uma atração construída com base no comportamento de indivíduos diferentes, às vezes, muito diferentes. Se “cada cabeça é um guia”, imagine o que não pode sair de um programa deste, principalmente, quando se trata de aparições “ao vivo”. A gente fica vendo tudo, em tempo real, sem cortes e sem máscaras.

Gosto do BBB porque se consegue perceber que os participantes até tentam dissimular, esconder sentimentos e pretensões mas, por pouco tempo. Logo a gente entende como cada um pensa, o que agrada e o que desagrada cada elemento. E o mais incrível é que, nas eliminações, o público quase sempre escolhe pra sair exatamente aquele que “estava merecendo”, conforme senso comum.

É comum desenvolvermos uma certa predileção por alguns “moradores da casa” pelos quais, naturalmente, passamos a torcer. Nesta edição, por exemplo, tem o Dicesar Ferreira (ou “Dimmy Kieer” para os íntimos ou “Linda Mona Luxo” para os pra lá de entendidos…rs) que se destaca entre os que estão na minha torcida. O cara é uma figura. Homossexual assumido e Drag Queen de profissão, Dicesar esbanja simpatia e solta tiradas de rolar de rir. Para melhorar ainda mais a distração, o “mona” tem a língua presa, ou melhor “peguesa”!

Ontem, no programa ao vivo, em horário nobre, provavelmente, com pico de audiência, a gente via uma prova para disputa da liderança da casa. O apresentador Pedro Bial explica a prova, dizendo que quando ele dissesse “já” era para todo mundo sair correndo e apanhar o máximo de garrafas de refrigerante de 600 ml de Guaraná Antártica Zero (patrocinador pesado). No meio da prova, quando descobre que estava pegando as garrafas erradas (a de 2 litros), Dicesar nem pensa duas vezes e exclama: “….ai, é a pequenininha CAGALHO….!!!!…..“. Vocês entenderam o “cagalho” ou vou precisar traduzir? Aí, eu pergunto: em que situação seria possível vermos algo parecido? Foi muito engraçado….

Assim, a título de sugestão, peço aos queridos intelectuais, que enobrecem o meu virtuoso círculo de relacionamento, que assistam um pouquinho o BBB, antes de opinarem. Procurem valorizar o viés psicológico do programa. Tenho certeza de que vão encontrar lá exemplos de comportamento contidos e previstos em obras clássicas, de autores como Maquiavel, Freud, Nietzche, Smith, Engels, Marx, Montesquieu, etc… Com isso, certamente vão conseguir assistir ao programa, sem pesos na consciência, limitando seu conteúdo à uma mera distração, nada mais. Cuidado pra não se tornarem fãs…

Mas, de tudo, o que posso assegurar é que, no mínimo, vocês vão rir pra “cagalho” e isso é o que mais interessa…..rs….ou não é!?….

HSF

Trekking ES Sul – do papel para a história…

Eu na praia de Marobá
Eu (praia de Marobá)

…É rico, é pobre, é feio, é bonito, é branco, é preto, não interessa! No final, vai todo mundo pro mesmo buraco… prlroo burlraaacoo…..” . Esta autêntica filosofia de botequim foi dita, em voz bastante alta e arrastada, por um inofensivo “bebum” que passava ao nosso lado, enquanto tomávamos uma água de coco bem gelada, de frente à bonita praia de Marobá (sul do Espírito Santo), iluminados por uma espetacular lua cheia e pelo gratificante sentimento de dever cumprido, ao vencermos a primeira etapa de nosso trekking, completando 12,5 Km, em 4 horas e meia de caminhada pela praia. A sexta-feira já estava no fim. Era quase hora de dormir e se preparar para o dia seguinte…

Este trekking foi todo planejado com o uso do Google Earth (para baixar roteiro clique aqui). Com a providencial ferramenta, foi possível mapear nosso ponto de saída, praia das Neves (extremo sul do estado do Espírito Santo), calcular o tamanho aproximado das duas “pernas” de caminhada (entre 10 e 15 Km, cada) e escolher os pontos de apoio, ou seja, locais prováveis para que pudéssemos chegar, tomar banho, comer alguma coisa, apreciar ligeiramente as características locais e, claro, desmoronar o esqueleto em alguma cama honesta, para aprontá-lo para o dia seguinte de programação.
Manguezal - Marco zero
Manguezal - Marco zero
caminho deserto 1
caminho deserto 1
caminho deserto 2
caminho deserto 2
caminho deserto 3
caminho deserto 3
Falésias e beleza natural
Falésias e beleza natural
Falésia - chegada estava próxima
Falésia - chegada estava próxima
Garças - presença constante
Garças - presença constante
Lagoas: presença constante ao longo do caminho
Lagoas: diversas ao longo do caminho
companhia: especial e inspiradora
companhia: especial e inspiradora
O sul do Espírito Santo mostrou-se, realmente, muito bonito. Logo na saída do Trekking, no extremo sul do estado do Espírito Santo, avistamos a divisa geográfica entre nosso estado e o estado do Rio de Janeiro, o rio Itabapoana. Pouco depois do local em que desemboca o rio, nas areias brancas da praia, antes da movimentação natural (quiosques e banhistas) da praia das Neves, foi nosso local de partida. Foi nosso marco zero!

A primeira etapa, não foi nada fácil. Vento forte contra, sol escaldante e uma severa inclinação na areia, eram fatores a serem superados neste trekking. Além disso, a areia era bastante (,) fofa. (..aliás, para distrair e sacanear os outros, a gente colocava uma vírgula, entre o “bastante” e o “fofa”, sempre que se referia ao estado da trilha…..rs….falta do que fazer….).

Foram 12,5 Km de uma imensidão de areia e mar, boa parte, completamente deserta. Uma verdadeira terapia. Nos primeiros 3 Km, é um falatório só. Depois, um silêncio avassalador (…só se ouve o vento e o mar, imponentes!…). É quando a gente se encontra com a nossa consciência e faz as pazes com tudo aquilo que nos traz felicidade e tranqüilidade. É quando vemos que precisamos de muito, mas muito pouco para sentirmos alegria de viver. É aí que vemos como temos nos violentado, em nosso dia-a-dia, numa corrida de “ratos” maluca, à procura de algo (..nas coisas, no consumo…) que já está em nós….

amigo canino: uma grata surpresa!
amigo canino: uma grata surpresa!
"siri" - sempre vigilante
"siri" - sempre vigilante

Esta primeira etapa de nosso trekking teve um personagem único e inusitado. Quando passávamos em frente à praia das Neves, um cão alegre se aproximou, balançando o rabo. Como nós não o espantamos (…coisa que outros deviam fazer…), ele se juntou ao grupo. Pensei que fosse andar um pouquinho só ao nosso lado e depois voltar para a vila. Engano meu! O bichano nos acompanhou por toda a primeira etapa. Caminhou conosco, mais de 4 horas, até chegarmos na praia de Marobá.

O mais curioso era a sua atividade predileta. Ele avistava ao longe um siri branco de praia (…também conhecido como guruçá…), corria atrás, cercava, latia e tentava pegar com a boca sua “presa”, até que ela conseguisse fugir pro mar. Daí a pouco, fazia tudo de novo, quando enxergava um novo infeliz morador daquelas areias. A gente percebeu que ele não tinha intenção nenhuma de machucar o siri (…embora talvez o fizesse, às vezes…rs…). Era pura diversão. Aquele cachorro tinha personalidade e sabia o que queria. Impressionou a gente, pela sua independência e felicidade. Ficamos amigos e pra não chamar um amigo de “cachorro”, demos a ele um nome bastante sugestivo: “Siri”.

Pousada Baleia Branca: honesta
Pousada: honesta

Chegamos na praia de Marobá, cansados, mas muito contentes com o feito. Ficamos hospedados na Pousada Baleia Branca. Um local super limpo, honesto em tudo e cujos proprietários são gente (de Juiz de Fora (MG)), simples e acolhedora, a Carla e o Sr. “Tchê” (pai) (Pousada Baleia Branca – (28) 3535-4099 – Marobá e (32) 3237-9272 – Juiz de Fora / Diárias com café da manhã custam em torno de R$ 80,00/US$ 43,00).

Em Marobá, ainda de “gruja”, acompanhamos um evento muito interessante: Marobá Acro Brasil: I Etapa do Circuito Brasileiro de Acrobacias de parapente. Parecia um evento internacional, pela quantidade de “gringo” fazendo graça com os parapentes no ar. Só tinha fera. Quem imaginaria que encontraríamos essa atração lá, não e mesmo!? A própósito, a Prefeitura de Presidente Kennedy está de parabéns pelo investimento que tem feito em seu verão. Muito legal e vale a pena conferir.

No dia seguinte, o mais cedo possível (…rs…), partimos para a realização da segunda etapa do desafio. Não tínhamos mais a companhia de “Siri”. Quem sabe ele tenha encontrado novos “amigos” e novos destinos, que satisfizessem àquele seu invejável espírito livre? (…desejamos ao “Siri” boa sorte!…). Apesar disso, consideramos um trecho mais tranqüilo. As baías eram menores, a areia não era mais tão fofa e o trajeto não se apresentava tão inclinado como antes. Também começamos a ver lindas falésias e pedaços de mata de restinga intocável. Foi um espetáculo. Fizemos os 11 Km em 3 horas e meia. Chegamos triunfantes ao Camping do Siri, nosso destino final. Lá, já tínhamos nossas reservas, na pousada, registradas. Foi lá que, há dois dias, havíamos deixado o carro e fomos levados de táxi para o extremo Sul do Estado. Aliás, o motorista foi o Sr. Delci ((28) 9883-0849/3532-4180 – corrida custou R$ 90,00/US$ 48,00). Sujeito prestativo e falante. Tenho certeza de que terá o maior prazer em levar outros andarilhos para a saída na trilha, que descobrimos. No Espírito Santo, certamente, é o ponto mais ao sul, pertinho do mangue que margeia o rio Itabapoana.

Passamos à noite de sábado rindo à toa e, sempre, regada à água de coco, vinho e cerveja (…muito chato….rs…). No domingo, ficamos de molho o dia todo, aproveitando a ótima praia do siri, de frente ao Camping. O corpo doía, mas a alma estava radiante! Lembrei da frase célebre muito usada por maratonistas: pain is temporary, proud is forever (a dor é temporária, o orgulho é para sempre).

Eu já sabia, mas para os que se aventuraram pela primeira vez, foi uma constatação de que fazer um trekking é algo extremamente gratificante. Lava a alma e nos leva a diversas reflexões. Desde a nossa insignificância diante da grandeza da natureza ao valor das pequenas coisas, dos gestos mais simples, nada passa despercebido, após horas caminhando numa praia deserta. É comum a gente perceber que costuma complicar as coisas. A nítida impressão que temos é que a vida podia ser mais fácil. Enfim, trekking é tão bom que não podemos passar muito tempo sem uma nova programação. Breve, faremos novas caminhadas e, quem sabe, conseguimos cobrir toda a costa do Espírito Santo em menos tempo do que se possa imaginar, não é mesmo!? Tenho certeza: companhia é o que não vai faltar…rs….

Costumo dizer que você nunca termina um Trekking, exatamente como começou (…não me refiro aos naturais calos e bolhas no pé….). Ao final, os laços de amizade, entre as pessoas que participam, se reforçam e nossa auto-estima se reconstitui. A gente vê que ali, na trilha, todo mundo parece igual diante do mesmo desafio assim como sempre deveria ser, fora dali. Afinal, de fato, somos todos muito parecidos em nossos anseios, medos, desafios e desejos. Foi quando lembrei do início deste post, do recado daquele “bebum” de Marobá e, pensei:e não é que o ébrio tem razão?!….rs….

É desse jeito!!!…..

HSF