Padrão Espírito Santo

A contabilidade está na moda! Isso porque as pessoas têm percebido, a cada dia, se tratar de uma ciência que reúne um conjunto de técnicas de registro e controles sociais capazes de orientar a gestão, combater a corrupção, aumentar o lucro das empresas e contribuir, de fato, para o desenvolvimento socioeconômico do país.

Se nos ativermos à esfera pública, então, a importância da contabilidade, na atualidade, ganha contornos de alta relevância. Não é novidade para ninguém que um gestor público esclarecido e moderno não pode prescindir de bons contadores a seu lado, principalmente, no auxílio da tomada de decisão. E, aqui no Espírito Santo, tal preceito é levado a sério.

Já há algum tempo, o Governo do Estado tem se notabilizado, em âmbito nacional, pelo seu pioneirismo e inovação nas questões relacionadas à contabilidade aplicada ao Governador Paulo Hartungsetor público (CASP). Sendo o primeiro a adotar um sistema informatizado, permitiu-se grande automatização de processos, geração de relatórios gerenciais e atualização dos portais de transparência de todos os poderes do estado.

Com uma contribuição de excelência da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), centrada nos consultores do tesouro estadual, o estado tem sido reconhecido como modelo nacional, ao apresentar ampla transparência da gestão fiscal e fiel cumprimento das normas fiscais estabelecidas na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e regulamentadas pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Exemplo do permanente aperfeiçoamento da gestão fiscal responsável.

Por meio da Contabilidade Geral do Estado, o governo capixaba também é o único que publica o relatório “Resultado de Caixa do Tesouro Estadual”, que traduz o conceito de poupança do Poder Executivo. Através dele é que se identifica a verdadeira liquidez do Tesouro.

Para quem não acredita em acaso, fica evidente que o sucesso do Espírito Santo, no cenário nacional, de comemorado equilíbrio econômico-financeiro e de firmeza no enfrentamento da crise, é resultado de gestão fiscal austera e competente, auxiliada por um sistema altamente eficaz de controle e informação.

Recentemente, em evento nacional, fui perguntado sobre os caminhos a serem seguidos por outros estados que amargam maus resultados e que sequer têm conseguido arcar com o pagamento de seu funcionalismo. Com muito orgulho de ser contador e capixaba, enchi a boca e disse: basta adotarem o padrão “Espírito Santo” de qualidade na gestão pública.

* Haroldo Santos Filho é advogado e contador.

** Artigo de opinião publicado no jornal “A Gazeta”, em 18 de setembro de 2016

Padrão Espírito Santo

 

As escolhas de Temer

Acabou! Não cabe mais a discussão que ocupou o assunto central, nos últimos meses, sobre se houve ou não crime de responsabilidade. Condenada pelo “conjunto da obra”, o julgamento da presidente Dilma Rousseff simboliza o exorcismo de uma era, representada pelos 13 anos de prática criminosa, populista-bolivariana, que enganou, dilapidou e aparelhou o estado brasileiro, lançando o país ao fundo do poço, em sua maior crise, em nome de um projeto de continuidade de poder, indecente e insustentável no longo prazo.

Virada esta angustiante página da história e efetivado o presidente Michel Temer, sob vaias de uns e desconfiança de outros, sem mais desculpas pela possível ineficácia de seu governo impopular, antes atribuídas à interinidade, surge então o grande desafio: mostrar-se, enfim, a que veio.

Uma população empobrecida e sacrificada espera, ansiosa, por medidas urgentes de austeridade, disciplina fiscal, uso criterioso dos recursos e incentivo à produtividade, como remédio amargo para tirar o Brasil da recessão.

O estabelecimento de teto para os gastos públicos, juntamente com reformas previdenciária, trabalhista, política e tributária são somente os primeiros importantes passos a serem dados pelo “novo” governo, que pretenda recolocar a nação nos trilhos do crescimento.

Oportuno também que seja revista a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) que, como está, sem critérios rígidos de classificação, ainda permite que estados e municípios embelezem seus números, com a execrável contabilidade criativa, principalmente, no que tange aos limites de gastos com pessoal.

Tarefa difícil tem pela frente este governo. Deve rezar pela cartilha que veda, por completo, exageros com o erário, sabendo-se que não é hora de se ampliar ministérios, transigir com o déficit público ou autorizar aumentos salariais, principalmente, para o funcionalismo. É hora de sacrifício, responsabilidade e coragem.

Para alguém que chega ao palácio do planalto, de forma nada gloriosa ser, ao final, reconhecido pelos brasileiros pela sua importância, só será possível com a construção de um cenário que permita esta missão. Se pensar como estadista, esquecer a reeleição e abandonar a política do toma-lá-dá-cá, terá o céu como cenário. Já o inferno, bem mais acessível, advirá da adoção de postura político-partidária tradicional e busca por popularidade a qualquer preço.

Se céu ou inferno, as escolhas de Temer dirão. Boa sorte, Presidente!

 

* Haroldo Santos Filho é advogado e contador.

** Artigo de opinião publicado no jornal “A Gazeta”, em 1º de setembro de 2016

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