Trekking ES Sul – do papel para a história…

Eu na praia de Marobá
Eu (praia de Marobá)

…É rico, é pobre, é feio, é bonito, é branco, é preto, não interessa! No final, vai todo mundo pro mesmo buraco… prlroo burlraaacoo…..” . Esta autêntica filosofia de botequim foi dita, em voz bastante alta e arrastada, por um inofensivo “bebum” que passava ao nosso lado, enquanto tomávamos uma água de coco bem gelada, de frente à bonita praia de Marobá (sul do Espírito Santo), iluminados por uma espetacular lua cheia e pelo gratificante sentimento de dever cumprido, ao vencermos a primeira etapa de nosso trekking, completando 12,5 Km, em 4 horas e meia de caminhada pela praia. A sexta-feira já estava no fim. Era quase hora de dormir e se preparar para o dia seguinte…

Este trekking foi todo planejado com o uso do Google Earth (para baixar roteiro clique aqui). Com a providencial ferramenta, foi possível mapear nosso ponto de saída, praia das Neves (extremo sul do estado do Espírito Santo), calcular o tamanho aproximado das duas “pernas” de caminhada (entre 10 e 15 Km, cada) e escolher os pontos de apoio, ou seja, locais prováveis para que pudéssemos chegar, tomar banho, comer alguma coisa, apreciar ligeiramente as características locais e, claro, desmoronar o esqueleto em alguma cama honesta, para aprontá-lo para o dia seguinte de programação.
Manguezal - Marco zero
Manguezal - Marco zero
caminho deserto 1
caminho deserto 1
caminho deserto 2
caminho deserto 2
caminho deserto 3
caminho deserto 3
Falésias e beleza natural
Falésias e beleza natural
Falésia - chegada estava próxima
Falésia - chegada estava próxima
Garças - presença constante
Garças - presença constante
Lagoas: presença constante ao longo do caminho
Lagoas: diversas ao longo do caminho
companhia: especial e inspiradora
companhia: especial e inspiradora
O sul do Espírito Santo mostrou-se, realmente, muito bonito. Logo na saída do Trekking, no extremo sul do estado do Espírito Santo, avistamos a divisa geográfica entre nosso estado e o estado do Rio de Janeiro, o rio Itabapoana. Pouco depois do local em que desemboca o rio, nas areias brancas da praia, antes da movimentação natural (quiosques e banhistas) da praia das Neves, foi nosso local de partida. Foi nosso marco zero!

A primeira etapa, não foi nada fácil. Vento forte contra, sol escaldante e uma severa inclinação na areia, eram fatores a serem superados neste trekking. Além disso, a areia era bastante (,) fofa. (..aliás, para distrair e sacanear os outros, a gente colocava uma vírgula, entre o “bastante” e o “fofa”, sempre que se referia ao estado da trilha…..rs….falta do que fazer….).

Foram 12,5 Km de uma imensidão de areia e mar, boa parte, completamente deserta. Uma verdadeira terapia. Nos primeiros 3 Km, é um falatório só. Depois, um silêncio avassalador (…só se ouve o vento e o mar, imponentes!…). É quando a gente se encontra com a nossa consciência e faz as pazes com tudo aquilo que nos traz felicidade e tranqüilidade. É quando vemos que precisamos de muito, mas muito pouco para sentirmos alegria de viver. É aí que vemos como temos nos violentado, em nosso dia-a-dia, numa corrida de “ratos” maluca, à procura de algo (..nas coisas, no consumo…) que já está em nós….

amigo canino: uma grata surpresa!
amigo canino: uma grata surpresa!
"siri" - sempre vigilante
"siri" - sempre vigilante

Esta primeira etapa de nosso trekking teve um personagem único e inusitado. Quando passávamos em frente à praia das Neves, um cão alegre se aproximou, balançando o rabo. Como nós não o espantamos (…coisa que outros deviam fazer…), ele se juntou ao grupo. Pensei que fosse andar um pouquinho só ao nosso lado e depois voltar para a vila. Engano meu! O bichano nos acompanhou por toda a primeira etapa. Caminhou conosco, mais de 4 horas, até chegarmos na praia de Marobá.

O mais curioso era a sua atividade predileta. Ele avistava ao longe um siri branco de praia (…também conhecido como guruçá…), corria atrás, cercava, latia e tentava pegar com a boca sua “presa”, até que ela conseguisse fugir pro mar. Daí a pouco, fazia tudo de novo, quando enxergava um novo infeliz morador daquelas areias. A gente percebeu que ele não tinha intenção nenhuma de machucar o siri (…embora talvez o fizesse, às vezes…rs…). Era pura diversão. Aquele cachorro tinha personalidade e sabia o que queria. Impressionou a gente, pela sua independência e felicidade. Ficamos amigos e pra não chamar um amigo de “cachorro”, demos a ele um nome bastante sugestivo: “Siri”.

Pousada Baleia Branca: honesta
Pousada: honesta

Chegamos na praia de Marobá, cansados, mas muito contentes com o feito. Ficamos hospedados na Pousada Baleia Branca. Um local super limpo, honesto em tudo e cujos proprietários são gente (de Juiz de Fora (MG)), simples e acolhedora, a Carla e o Sr. “Tchê” (pai) (Pousada Baleia Branca – (28) 3535-4099 – Marobá e (32) 3237-9272 – Juiz de Fora / Diárias com café da manhã custam em torno de R$ 80,00/US$ 43,00).

Em Marobá, ainda de “gruja”, acompanhamos um evento muito interessante: Marobá Acro Brasil: I Etapa do Circuito Brasileiro de Acrobacias de parapente. Parecia um evento internacional, pela quantidade de “gringo” fazendo graça com os parapentes no ar. Só tinha fera. Quem imaginaria que encontraríamos essa atração lá, não e mesmo!? A própósito, a Prefeitura de Presidente Kennedy está de parabéns pelo investimento que tem feito em seu verão. Muito legal e vale a pena conferir.

No dia seguinte, o mais cedo possível (…rs…), partimos para a realização da segunda etapa do desafio. Não tínhamos mais a companhia de “Siri”. Quem sabe ele tenha encontrado novos “amigos” e novos destinos, que satisfizessem àquele seu invejável espírito livre? (…desejamos ao “Siri” boa sorte!…). Apesar disso, consideramos um trecho mais tranqüilo. As baías eram menores, a areia não era mais tão fofa e o trajeto não se apresentava tão inclinado como antes. Também começamos a ver lindas falésias e pedaços de mata de restinga intocável. Foi um espetáculo. Fizemos os 11 Km em 3 horas e meia. Chegamos triunfantes ao Camping do Siri, nosso destino final. Lá, já tínhamos nossas reservas, na pousada, registradas. Foi lá que, há dois dias, havíamos deixado o carro e fomos levados de táxi para o extremo Sul do Estado. Aliás, o motorista foi o Sr. Delci ((28) 9883-0849/3532-4180 – corrida custou R$ 90,00/US$ 48,00). Sujeito prestativo e falante. Tenho certeza de que terá o maior prazer em levar outros andarilhos para a saída na trilha, que descobrimos. No Espírito Santo, certamente, é o ponto mais ao sul, pertinho do mangue que margeia o rio Itabapoana.

Passamos à noite de sábado rindo à toa e, sempre, regada à água de coco, vinho e cerveja (…muito chato….rs…). No domingo, ficamos de molho o dia todo, aproveitando a ótima praia do siri, de frente ao Camping. O corpo doía, mas a alma estava radiante! Lembrei da frase célebre muito usada por maratonistas: pain is temporary, proud is forever (a dor é temporária, o orgulho é para sempre).

Eu já sabia, mas para os que se aventuraram pela primeira vez, foi uma constatação de que fazer um trekking é algo extremamente gratificante. Lava a alma e nos leva a diversas reflexões. Desde a nossa insignificância diante da grandeza da natureza ao valor das pequenas coisas, dos gestos mais simples, nada passa despercebido, após horas caminhando numa praia deserta. É comum a gente perceber que costuma complicar as coisas. A nítida impressão que temos é que a vida podia ser mais fácil. Enfim, trekking é tão bom que não podemos passar muito tempo sem uma nova programação. Breve, faremos novas caminhadas e, quem sabe, conseguimos cobrir toda a costa do Espírito Santo em menos tempo do que se possa imaginar, não é mesmo!? Tenho certeza: companhia é o que não vai faltar…rs….

Costumo dizer que você nunca termina um Trekking, exatamente como começou (…não me refiro aos naturais calos e bolhas no pé….). Ao final, os laços de amizade, entre as pessoas que participam, se reforçam e nossa auto-estima se reconstitui. A gente vê que ali, na trilha, todo mundo parece igual diante do mesmo desafio assim como sempre deveria ser, fora dali. Afinal, de fato, somos todos muito parecidos em nossos anseios, medos, desafios e desejos. Foi quando lembrei do início deste post, do recado daquele “bebum” de Marobá e, pensei:e não é que o ébrio tem razão?!….rs….

É desse jeito!!!…..

HSF

Eu corro, e você?

O Portal UOL possui uma seção chamada OxigênioTV muito interessante para aqueles que gostam de praticar atividades aeróbicas e melhor ainda para aqueles que ainda possuem vida sedentária. Para os primeiros, os clipes (pequenos videos) trazem informações úteis para o dia-a-dia de quem sua a camisa. Já para o segundo grupo, as matérias costumam dar um incentivo a mais para se largar o controle remoto, tirar os fartos glúteos da poltrona e “emburacar”, como diz um amigo meu, quando quer se referir à “enfrentar a vida” ou “encarar desafios”. Vale a pena uma visita!

HSF

Rotina de uma corredora

Procurando casos particulares de quem mudou a sua vida ao começar a praticar corrida, achei super interessante o “case” da Ana Maria Coltro, que tem 49 anos (…claro que parece ter muuuito menos…) e pratica corrida há 18 anos.

Ao que tudo indica ela passou a gostar tanto de corrida que adaptou sua vida a este esporte. Acorda cedo (05:30 h…..uhh…isso ninguém merece!…rs…) faz suas corridas e depois assume a sua empresa, por volta das 08:30 h, segundo sua própria narrativa. Ela tem uma empresa de turismo (Xtravel) que, inclusive, possui uma linha de produtos específicos para levar corredores à provas internacionais de corrida, com um forte diferencial competitivo: a dona da empresa também vai junto para correr … rsrsrs.

E o mais curioso é quando ela conta o que a fez se interessar pela corrida: “o semblante de alegria de quem ela via correndo“. É mesmo impressionante como isso contagia as pessoas….

Gripe “A”, na Argentina. Um exagero?

temporao_problema_atireiopaunogato
Temporão e o tamanho do "pepino"

Acabo de retornar da Argentina! (Em um post específico, gostaria de poder detalhar algo sobre esta inesquecível experiência). Mas, agora, quero chamar a atenção para uma questão, no mínimo, curiosa: a gripe influenza “A”, mais conhecida como “cabeça de bacalhau”: a gente sabe que existe, mas não vê.

Tendo ficado pouco mais de uma semana naquele país, não vi sequer uma única pessoa de máscara “hospitalar” circulando por aquelas ruas. A referida cena só foi vista, em momentos raros, nos aeroportos, mas não nas cidades.

Em conversa com uma de nossas guias, a Natália, pude perceber uma certa indignação, nela personalizada, de todo o povo argentino com o nosso Ministro da Saúde Dr. José Gomes Temporão que, em pronunciamento em cadeia nacional, dia 06 de julho de 2009, abordou as medidas públicas nacionais contra a gripe “A” e, de quebra, sugeriu que se adiassem as viagens de julho, para países que tivessem o vírus “H1N1” “circulando livremente”. Antes, porém, ele já havia definido que países eram estes, tendo a Argentina como topo da lista, dos mais próximos…

Cheguei a ouvir que o nosso Ministro passara a ser “persona non grata” em terras argentinas, por conta de suas declarações, cujos efeitos danosos, logo se refletiram em quedas nos índices do turismo argentino, relativo a brasileiros, da ordem de 60%. Esta queda impactaria até a mais sólida indústria de turismo, por isso, disseram: “…seu ministro não pisa mais aqui…”.

Não quero pagar com a língua e, logo após escrever este texto, começar a sentir dores pelo corpo e febre alta (rs…), mas fico me perguntando até que ponto o alarme oficial do Governo brasileiro não teria outras intenções, além da preocupação com a segurança nacional? Porque a consequencia imediata do “terrorismo” anunciado, foi a destruição temporária do turismo local argentino e, natural aumento do turismo interno, aqui no Brasil.

Não tenho condições de avaliar, com a devida e necessária cientificidade, se o tratamento dado ao caso, pelo Brasil, foi de fato exagerado. Mas, posso assegurar que se o foi, teríamos aí configurado um típico caso de descuido diplomático, beirando à irresponsabilidade governamental que, em termos mais “técnicos”, poderíamos classificar como uma “puta sacanagem” com aquele povo. Para outros, esta teria sido só mais uma atitude “imperialista” e inconsequente do Brasil, tendo trazido enormes prejuízos aos nossos vizinhos.

lomoalapimienta_atireiopaunogatoTeorias da conspiração à parte, o fato é que, infelizmente, o nosso querido Ministro Temporão, pelo visto, também deverá precisar adiar as suas merecidas férias, caso tenham sido marcadas para Argentina, especialmente a Patagônia. Isso porque lá, um dos pratos mais tradicionais sempre foi a carne de caça (Viado), o “Ciervo a Cazadora“, por exemplo. Mas agora, tal opção vem sendo ameaçada por outro prato de “caça”, que se tornou um dos mais apreciados pelos “hermanos”, o “Temporão, a la pimienta“. Pelo visto, eles passaram a adorar este prato que, ao que parece, deve ser bastante indigesto. Mas, também, vai entender argentino….