Eu amo Vitória! Os estudiosos costumam dizer que o amor é um sentimento que se apresenta em “cores” e formas distintas dependendo de como e com quem você se relaciona. Eu só espero que também tenham explicação para esta forte cumplicidade e incondicional amor que sempre nutri pela minha cidade natal.
Como nas pessoas que amamos, nas cidades, também encontramos defeitos, falhas, fragilidades e projetos inacabados, passíveis de críticas, naturalmente. Só que, embora saibamos terem fundamento, não nos sentimos à vontade quando ouvimos isso de algum “estranho” ou morador de outra cidade. Imaginem alguém chamando um filho seu (ou parente próximo) de “orelhudo”, por mais consciência que você tenha da referida deficiência!? Você não ficaria nem um pouco satisfeito, não é verdade!?
Lembro que, certa vez, ainda na condição de secretário municipal, do agradável município de Vila Velha(ES), em plena reunião de secretariado, foi inevitável criar um certo mal estar com o Prefeito Max Filho. Ora, ele abriu a reunião, irônico, achando muito engraçada uma carta de leitor publicada em “A Gazeta” que, em resumo, ridicularizava a nossa Capital. Não lembro dos detalhes, mas em linhas gerais, dizia que “Vitória era mesmo uma cidade maravilhosa pois suas duas vistas mais bonitas eram a do Penedo e a do Convento da Penha” (localizadas em Vila Velha), e que “as suas melhores praias começavam na Praia da Costa e iam muito além da linda praia de Itaparica…”, também, ambas em Vila Velha. Como NUNCA tive “papas na língua”, pedi a palavra e disse ao nobre Prefeito que um político com a sua ‘”estatura” e notória pretensão de exercer outros cargos estaduais (….governador, por exemplo, como sempre quis…), deveria medir as suas palavras ao criticar a Capital, bem como, evitar o obtuso fomento a bairrismos abomináveis entre cidades coirmãs. Tirando os muitos puxa-sacos de plantão que riam da piadinha, as demais testemunhas poderão afirmar o acontecido e confirmar que o “alcaide” não gostou nem um pouco de nossa intervenção.
Claro que não se podia esperar outra reação de uma cara que foi nascido e criado no bairro de jucutuquara (na “nação” jucutuquara), timidamente, torcedor do Rio Branco e da Escola de samba Unidos de Jucutuquara. Um cara que em sua biografia vai poder dizer que já tomou um inofensivo, mas crestado tiro de sal nas costas, ao ser flagrado por segurança do Museu Solar Monjardim, sobre um pé de manga, degustando a fruta “proibida”. Mais tarde fui saber, pela academia, que aquela arriscada aventura de menino, no direito, se chamava furto e invasão de propriedade….rs…Mas, honestamente, pergunto: como eu poderia ficar inerte ao terem falado mal de minha cidade, de minhas raízes?…
Para ser justo, a antiga luta dos Max em favor de sua terra (Vila Velha) tem um certo sentido. O fulcro central estaria na injusta distribuição de renda, entre os municípios, resultado de políticas tributárias parciais e tendeciosas, como o Fundap, por exemplo. Não comungo, plenamente, com esta tese, mas analisando os números, entendo perfeitamente a revolta dos “canelas-verdes”. No meu último ano no executivo de Vila Velha, o orçamento anual daquela cidade girava em torno de uns R$ 150 milhões, enquanto Vitória “brilhava” com um orçamento de uns R$ 850 milhões. Se considerarmos que a área de Vila Velha é 2,23 vezes maior do que a de Vitória e sua população supera 30% a da capital (só ilha), de fato, algo nos leva a crer que tal distribuição mereça uma mais justa revisão.
Independente da polêmica de que Vitória seria mais fácil administrar por ter mais dinheiro (o que discordo!), devo salientar que tivemos sorte, muita sorte, em nossos últimos chefes de executivo municipal. Que tenham marcado a minha lembrança, iniciaria o “pacote” de mudanças significativas em nossa querida Vitória, a partir da gestão do Dr. Vitor Buaiz que, embora esquecido, fez uma gestão elogiável. Depois veio Paulo Hartung, cujas inovações (principalmente sociais) foram seguidas e saudavelmente ampliadas pelo Prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas. Luiz Paulo foi e é um dos políticos mais inteligentes que tive a oportunidade de ver atuando. Mesmo aparentemente “indisciplinado” (no jeito de ser), em suas falas, sempre teve sacadas, verdadeiramente, geniais. (Só perde para o PH, na capacidade de se articular e colocar “vascaínos e flamenguistas” do mesmo lado: do seu! rsrsrs…).
Mais recentemente, o Prefeito João Coser, um merecido retorno do Partido dos Trabalhadores ao Governo Municipal. Sou suspeito para falar da gestão de João (..fui subsecretário e secretário em sua gestão), mas posso dizer que quase todas as boas ações e projetos de Luiz Paulo foram continuados (…alguns só mudaram de nome, a bem da verdade…rsrsrs…). Mas, nas inovações, João mostrou-se um ótimo gestor e, além disso, um dos políticos mais inacreditavelmente leais com os quais já tive o enorme prazer de trabalhar.
Como se pode ver, a construção de uma cidade, ao longo das várias gestões administrativas, carrega uma rica história, jogos de interesse (naturais em política!) e um conjunto de forças que diante de uma “maestro” inábil, certamente, resultaria em desastre ao desenvolvimento municipal. Não foi assim com Vitória, graças às nossas acertadas escolhas e a uma conjuntura aleatória de fatores que, por sorte, conspiraram a nosso favor.
As duas cidades (em uma), amplamente divulgadas nas duas últimas campanhas eleitorais, uma rica e próspera e outra miserável, ainda existem. Suas diferenças vão diminuindo lentamente com os programas sociais e empenho das administrações municipais citadas. São cicatrizes sociais que demandam muito tempo para serem reparadas. Mas, conforto-me ao acreditar que trilhamos pelo caminho correto.
Por mais que eu goste de viajar (…e eu gosto bastante!…), quando retorno, é indescritível o meu prazer ao reconhecer, ainda de longe, a geografia, a arquitetura, monumentos e jardins desta linda cidade! E saber que no dia ensolarado seguinte, logo cedo, estarei lá, assíduo e pontual, caminhando naquele espetacular calçadão de Camburi saudando, do continente, a beleza e graça desta ilha. Parabéns a todos que participaram desta construção, pois tornaram possível esta grande “vitória”. Uma Vitória de todos nós capixabas!
HSF
Infelizmente os monumentos naturais e históricos que circundam a nossa querida ilha ficaram mesmo na paisagem mais além, mas, diferente de você, não entendi a provocação como uma ofensa, apenas a constatação de uma coisa divertida para os amigos canelas verde que gostam mesmo de demarcar seu território. Territorial Pissing (Nirvana).
Infelizmente, para mim, a administração de João Coser está associada aos terríveis engarrafamentos na cidade que ganharam intensidade na época das obras das ponte de Camburi e da Passagem e não pararam mais. Coisas banais como sincronização de semáforos eu não vejo por aqui. E não se esqueça das confusões que a Polícia Municipal já arrumou.
Só pra arrematar a flufa: também nasci aqui e amo essa cidade, mas usar o termo “fulcro” (!) em um texto apaixonado não rola né véi… Hehehehe. Um abraço.
Juquinha, obrigado pela participação e comentário. Você é meio suspeito pra falar (assim como eu, quando me referi à gestão do João Coser), pois tem ligações com VV até mais fortes do que as que desenvolvi, no tempo que lá trabalhei. Mas, como já constatou, futebol e política, sempre que lançados publicamente, costumam mesmo gerar polêmica….rsrsrs….isso é muito natural.
O comentário do Prefeito foi, sim, ofensivo (no mínimo, inoportuno e infeliz)! Quem estava lá e que tivesse o mínimo de isenção notou que aquela postura (desculpe…rsrs…), era absolutamente dispensável e, até, desrespeitosa, por parte do Prefeito, principalmente, se considerarmos que boa parte de sua equipe de 1º e 2º escalão eram originários de Vitória (alvo da gozação)…..rs….Mas, gosto de Max e aprendi muito no tempo que estive lá. Eles (pai e filho) cobram o tempo todo coerência das pessoas, mas não conseguem sustentar esta mesma linha (Vide “abraçadinhos” com Roberto Jeferson….kkkk). Se a gente aprender a entender isso e não demonstrar nenhum (…mas, nenhum mesmo!!!…) sinal de vôo solo, convive bem com eles….
Quanto à administração do João…..rs….lembro-me da eleição estadual (ocorrida nos dois primeiros anos de sua 1ª gestão municipal). Votando no Colégio Sagrado Coração de Maria, algum amigo meu me perguntou como estava o projeto “X”. Rapaz…..umas três senhoras (peruas, da melhor qualidade, claro!) perceberam que eu fazia parte da administração e me pegaram de “Cristo” e esculhambaram a administração de João, dizendo que ele esburacou a cidade inteira, etc, etc, etc….Disseram que ele não se reelegeria sob nenhuma hipótese, que ele havia quebrado tudo……..só você vendo o sabão que elas me passaram….rs…. Tem hora que “bom cabrito é aquele que não berra”. E todo mundo sabe que ao final do seu mandato, foi eleito com folga, tendo deixado uma cidade muito mais bonita do que já era, justificando suas “inconvenientes” intervenções. Bom, o trânsito está mesmo uma merda! Mas, tenho minhas dúvidas se, dada a complexidade dos fluxos, meros sincronismos teriam o “condão” de solucionar nossos horários de ‘rush”…..Mas, como tudo, vale a tentativa…..rs…
E, sacana, se tiver ficado incomodado com os termos “condão” e “rush”, como me parece ter ficado com “fulcro”, me avisa tá!? Você merece que eu refaça um texto de minha “lavra”, só para ficar mais agradável à sua leitura….Juro que merece…..rsrsrs….
Abração.
HSF
E só pra arrematar de novo, eu mesmo era um de Vitória que integrava a equipe… Falando em voo solo, vc viu a filmagem do parapente acertando o cantor Biafra? Eu nem sabia que aquele cara ainda existia! Racha a minha cara, os cantores do passado andam degringolando… Vide Vanusa e Belchior. Huhauhauha. Um abraço véi.