Um carnaval pra lá de zen

budismo e a tranquilidade de espírito

Aceitei o convite de passar o carnaval com a família, na casa de amigos, na aldeia da praia, em Guarapari (ES). Embora eu já o frequente há bastante tempo, toda vez que tenho a oportunidade de lá estar, não canso de me encantar com a beleza e tranquilidade daquele lugar. Fora a hospitalidade de nossos amigos que, de tão boa, é um capítulo à parte nesta análise.

A Aldeia é um bairro de luxo, um condomínio fechado. As casas são lindas e não possuem muros, quando muito, cercas vivas. As praias, praticamente “particulares”, são de areias claras e águas cristalinas (ainda mais em fevereiro). Pela rodovia do Sol, você sai de Vitória e chegando lá, vira à esquerda bem antes da “muvuca” de carnaval, que bem caracteriza a “cidade saúde”.  Passou pela porteira, pronto! Sossego total.

Bom, meu carnaval de 2009, foi exatamente como eu imaginava um carnaval já há algum tempo. Sem confusão, sem engarrafamento, sem fantasias, sem bêbado chato falando de futebol e, Jesus tem poder, sem música baiana!!!!!! Afffff……

Posso dizer que, não fossem as olhadas de relance na TV, para ver alguns segundos do desfile de uma escola de samba ou de outra, naquelas condições, a gente até se esquecia que a época era de carnaval. 

Neste ano, não me “empanturrei de comida” (…consegui engordar somente 1 Kg…), quase não bebi bebida alcoólica, corri todos os dias (isso deve ter dado, por baixo, uns 45 Km…), não ia dormir de madrugada, acordava descansado e, claro, me diverti de montão com minha mulher, meus filhos e todos os amigos que estavam conosco. Para muitos, certamente, o fato de eu ter gostado tanto assim deste programa, é um patente sinal da inevitável senilidade chegando. Para mim, foi só um “feriado” pra ninguém botar defeito! 

A coisa tava tão Zen e tão maravilhosamente tranquila que, no domingo de carnaval, algo chegou a me incomodar, rompendo aquele esplendoroso silêncio noturno. Mal acostumado que fiquei, fui logo perguntando indignado, ao meu amigo anfitrião, que barulho dos diabos devia ser aquele que a gente ouvia ao longe. Ele explicou, morrendo de rir que, na verdade, aquilo que eu estava achando uma tremenda “confusão”, era somente um encontro de adventistas, muito comum no carnaval, que ocorria num terreno vizinho àquele condomínio. Aquelas, provavelmente, eram apenas canções de louvor, entoadas com muita energia, por um enorme rebanho de animados fiéis que, “fugidos” das situações e desejos “mundanos” desta época, refugiaram-se todos, protegidos do “mal” e em favor do “bem”.

Não costumo disfarçar minhas características pessoais. Uma delas, lamentavelmente (..ou não…), é o exagero. Mentalizei tanto para ter neste ano um carnaval tão Zen e tão afastado de atropelos que não poderia dar outra. Para quem acredita, joguei o desejo para o Universo com todas as minhas forças e o Universo me retribuiu na medida exata de meu pedido. 

Quanto ao barulho dos adventistas, resta-me fazer duas leituras. A primeira seria a de que nem tudo é perfeito. Tinha de ter aquela cantoria toda, senão eu nem poderia acreditar naquele “nirvana” em que estávamos inseridos. Já a segunda leitura, me leva a crer que, por mais que eu tente “fugir” e me deliciar com um encontro íntimo comigo e com as pessoas que amo, sempre haverá algo me lembrando da necessidade de eu também considerar o estado deplorável em que se encontra a minha atual espiritualidade, dando a ela a atenção merecida e necessária. Voltei pra casa pensando nisso, como uma meta para 2009. Afinal, o ano não começa agora?!…rsrs…

É…! Foi, de fato, um carnaval mais do que perfeito!

HSF


Publicado por

Haroldo Santos Filho

Advogado, contador, consultor de empresas, especialista em processo civil e direito tributário, mestre em administração, gosta de viagens, fotografia, cinema, corrida e tênis

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