Noronha é outro planeta!

Acordei naquele dia meio triste, sem vontade de aproveitar a manhã que eu ainda tinha, antes de voar de volta à rotina. Um contrassenso para quem estava pela segunda vez num local tão paradisíaco e maravilhoso como a ilha de Fernando de Noronha (Distrito estadual de Pernambuco, ilha oceânica situada à 545 Km de Recife (PE), com superfície de aproximadamente 17 Km2). Tal qual ocorreu na primeira vez em Noronha, nesta segunda, não foi diferente: o sétimo e derradeiro dia de passeio é sempre vazio, tenso e melancólico…

Adoro viajar e embora já tenha tido a oportunidade de conhecer alguns pedaços de paraíso espalhados por aí, o mais bonito, mais aconchegante e misteriosamente adorável é Noronha. Se você gosta de praias belíssimas, boa comida, gente simples e hospitaleira, segurança (...é, eu disse segurança!...), liberdade, belezas naturais ímpares, fauna e flora riquíssimos e Sol quase todo o ano, sugiro que inclua Noronha em sua lista de “viagens dos sonhos”, mesmo antes de conhecer outros países. Aliás, se o motivo for Noronha, os “outros países” que esperem…e muito!

Se um dia estiver em Noronha, numa bela manhã de Sol e da areia caminhar, com os pés descalços, em direção ao mar da praia da Conceição, verá a esquerda o enorme e icônico “morro do pico” rompendo o azul do céu, logo à esquerda na paisagem de cartão postal. Nesta hora, você vai me entender quando digo que “Noronha é outro planeta“. Lá, você encontrará mais um bom tanto de cenas de “cair o queixo”, de parar a respiração de tão exuberantes. Vai constatar que uma semana apenas será um período bastante econômico para que se explore tudo que a ilha tem a oferecer.

 

Fiquei hospedado na Pousada do Vale e saí de lá com a impressão de que ainda que possam existir outras pousadas tão boas quanto esta, seria pouco provável que eu encontrasse uma com tanto calor humano e atenção de todos os seus colaboradores (Marcelo, Rafael, Danilo, Valen(Tina), Jéssica, “Dona Maria”, Solón e muitos outros). Pra começar, a pousada inova quando cria um momento de encontro de todos os seus hóspedes (em torno da cozinha, claro!), entre às 17 e 19:30 h, todos os dias, variando o delicioso cardápio do lanche da tarde (além de oferecer um ótimo café da manhã)! É o momento em que a grande maioria está chegando dos passeios e oportunidade rara de se conhecerem. Fizemos muitas amizades em função desta grande ideia. A propósito, toda quinta-feira, há mais de 20 anos, o Solón nos oferece o seu famoso peixe assado na folha de bananeira, que recebe, muito merecidamente, o nome de seu autor (Peixada do Solón). Um jantar realmente inesquecível!

Uma das mais importantes dicas que adotei, desde a primeira vez, foi alugar um “Buggy”. Noronha é uma ilha vulcânica extremamente acidentada e, por mais que você goste de andar, conhecê-la por completo, na filosofia de andarilho, talvez seja uma ideia mais desgastante e demorada do que saudável. Sem depender de taxi (pelas distâncias, as corridas variam de 10 a 30 reais), de carona (se pega e se da muita carona na ilha. É praxe!), de ônibus (passagem média a R$ 2,50) ou de outros favores, um Buggy no dia a dia de Noronha lhe trará a necessária liberdade para conhecer, quando e onde quiser, todas as inúmeras possibilidades de diversão e prazer proporcionadas naquele espetacular lugar (1 litro de gasolina custa aproximadamente 4 reais).

O aluguel de um Buggy costuma ter uma significativa variação de preço, oscilando entre 80 e 200 reais pela diária (depende da idade do veículo, de suas condições e da “ganância” de quem aluga, claro….hehehe!). É muito difícil você encontrar um Buggy em perfeitas condições em que TUDO funcione bem. Assim, ao alugar, o melhor seria desistir desta utopia urbana e tentar escolher o carro que tenha os “defeitos”  mais aceitáveis, afinal, melhor não funcionar um velocímetro do que um freio, não é verdade!? Portanto, teste bastante, pois lá é ladeira que não acaba mais.  Falando nisso, tive uma excelente experiência com o Buggy alugado na Valmir Locadora, a uma diária de 130 reais. Quem fez a entrega do veículo foi o próprio Valmir Barros (81 – 9708-2692) que, de sua simplicidade e simpatia, nos passou a certeza de que o “equipamento” era confiável, dizendo: “…pode castigar!…”. Confesso que castigamos com força aquele Buggy que, de sua vez, não nos decepcionou, tendo parado somente quando a gente queria.

Sem um Buggy seria quase impossível a visita a TODAS as praias. Todas são imperdíveis e merecem ser conhecidas, sem contar que além das inúmeras “vicinais” de barro e cascalho, andar pela MENOR rodovia do Brasil (BR-363), com vento no rosto e paisagem de cinema, não tem preço. As praias seguem a seguinte ordem:

–  lado voltado para o continente – praia do porto, praia da biboca, praia do cachorro, do meio, da Conceição, do Boldró, americano, bode, quixába, Cacimba do padre, baía dos porcos , do Sancho (pra mim, a melhor!), baía dos golfinhos.

– lado voltado para o oceano – praia de atalaia, praia de sueste, praia do leão

PROGRAMAÇÃO BÁSICA

A quantidade de atividades que se pode fazer em Noronha é infindável. Mas, se eu pudesse eleger algumas como “imperdíveis” seriam as seguintes:

1) Ver o por do Sol no Forte do Boldró

Trata-se de uma visão impactante pela beleza natural. Faz a gente pensar no que realmente importa na vida. Se você chegar à Noronha antes das 17 horas e se o céu estiver relativamente livre de nuvens, nem pense duas vezes: vá conferir este cenário inigualável para entrar logo no clima de festa local. Lá, você encontrará um bar bem equipado (Bar Fortinho do Boldró), para você poder aguardar a descida do Astro-rei, tomando uma Heineken long neck (estupidamente gelada e que custa uns 8 reais), acompanhado de alguns petiscos. Quando o Sol está quase sumindo, começa-se a ouvir o Bolero de Ravel (para ouvir, clique no player no rodapé deste post). É um momento cinematográfico, que se desfecha, ao fim do clássico, ao som de aplausos dos presentes, estarrecidos com o que acabaram de presenciar! Se você tiver ao lado da pessoa amada será ainda mais perfeito: beijo na boca e pura emoção. Viva a vida!

2) Mergulho

Se você é um mergulhador profissional ou amador, ou ainda, nem bem saiba nadar, fique sabendo que Noronha tem um mergulho especialmente escolhido para você. São inúmeros pontos ideais para mergulho espalhados ao longo da costa (mar de dentro e mar de fora), reservando um mundo submarino espetacular, seja para quem observa da superfície (com colete, para quem não flutua com segurança) ou próximo dela (Kit básico = máscara, snorkel e nadadeira) ou ainda em profundidades que chegam a 80 metros (tanque e equipamento de mergulho apropriado). Os mergulhos leves que fizemos e indicamos foram: Praia de Atalaia (coral de 70 cm de profundidade), praia do sancho, baía dos porcos, praia do cachorro, praia da conceição e praia do meio. Em todos estes mergulhos que citei, você só precisará do Kit básico de mergulho, que poderá ser alugado a uns R$ 15,00 por dia (Acho que vale mais a pena alugar lá, do que levar este trambolho na viagem…rs). O que a gente vê, fácil fácil nestes mergulhos: peixes diversos, tartarugas, polvos, tubarões (tigre, limão, lixa, etc…), xaréu, barracuda, parú e arraias além de uma fabulosa vegetação submarina e corais de várias espécies.

3) Trekking.

A ilha proporciona aos amantes do “trekking” diversas opções. Todas tem as suas dificuldades e peculiaridades específicas mas, para quem gosta de “ralar” todas valem muito a pena.

Trilha do Atalaia – Posso começar com a Trilha do Atalaia que é, digamos, uma das mais badaladas para o turista que vai para suar a camisa. Existem dois caminhos do Atalaia. Um é o mais curto, pode ser feito perfeitamente pela tarde e, considerado mais fácil (30 a 40 minutos). A outra trilha do “Atalaia” é a mais longa e muito mais difícil. Esta, pelas dificuldades, é desaconselhável que seja feita pela tarde. O ideal é começar o dia nela. Ambas as trilhas do Atalaia permitem agradáveis paradas para banho e mergulho. Aliás, O mergulho na “praia” do Atalaia é super interessante e, depende da sorte, você vai ver tubarões, peixes de todo o tipo, tartarugas, polvos, etc…(imperdível!).

Trilha do Capim-Açu – São 7 km de caminhada passando pelo Farol da Sapata, de onde se tem uma vista privilegiada do arquipélago. A caverna do Capim-Açú, com suas diversas lendas, merece ser visitada. O trekking termina na Praia do Leão, uma das praias mais bonitas e selvagens de Fernando de Noronha.

Trilha da Pontinha – É a travessia da Enseada de Caieira para a Praia de Atalaia. São quatro horas de caminhada passando por pequenas penínsulas de falésias como a Pontinha e a Ponta da Pedra Alta (mirante). A Praia de Atalaia, com suas piscinas naturais refrescantes é o local ideal para terminar esse passeio.

Trilha da Baía dos Golfinhos – Das trilhas, esta é a menor. Para os menos preguiçosos vale a pena acordar cedinho para ver o espetáculo que os golfinhos oferecem pela manhã.

Trilha Costa Esmeralda – Nessa trilha estão as praias mais visitadas da ilha. Ela começa na Baía do Sancho e vai até o Forte de São Pedro do Boldró. Este é um dos lugares prediletos dos turistas para ver o pôr-do-sol.

4) Bares e Restaurantes (os que eu já fui!)

Os bares e restaurantes da ilha fazem parte da atração turística, porque depois de se pegar uma praia paradisíaca ou participar de uma aventura típica de Noronha, nada mais natural que se render aos prazeres da carne, neste caso, saboreando um bom prato, petiscos, vinhos e drinks de toda a natureza. O custo da alimentação de bom nível na ilha se equivale ao de grandes centros. Comendo-se muito bem, regado a vinho, o casal vai pagar algo em torno de R$ 150 a R$ 200,00. Para escolhas mais espartanas mas quase tão boas quanto às primeiras, um prato bem servido para duas pessoas varia entre R$ 35 e R$ 40,00.

Restaurante Varandas – Excelente. Certeza de sucesso. Atendimento primoroso. O prato que eu indico é um gratinado de frutos do mar que serve bem a três pessoas (peça o número 29). Outro prato imperdível é o “frutos do mar do purê de abóbora (peça o número 18). Quando você chega lá e senta, o próprio garçom lhe diz, simpaticamente: “…a casa indica o número 29, sem menosprezar os demais pratos…”. Resultado, a gente volta lá outros dias e acaba pedindo outros pratos…rs.

Restaurante Xica da Silva – Bom gosto e qualidade – O lugar é super agradável e a varandinha do lado de fora te impede de querer ir embora. Pedimos um peixe grelahdo a “belle muniere” que, para quem pede uma entradinha, servirá duas pessoas tranquilamente.

Restaurante Ecologiku´s – Diz a lenda que foi o primeiro restaurante de Noronha. Local é simples mas, muito limpo e extremamente aconchegante. Lá você recebido pelos donos, Sr. Carlos e Srª Iraci (que é quem prepara as delícias…). A especialidade da casa é frutos do mar. Todos os pratos são bem servidos e bastante acessíveis no preço.

Restaurante Zé Maria – Nível excelente! O restaurante apresenta um ambiente muito aconchegante, com vista para a pedra principal da ilha. Tal qual é na pousada o bom gosto impera. Os pratos são sofisticados e extremamente bem feitos. O preço não é dos mais baixos mas, asseguro, vale a pena!

Restaurante Mergulhão – Com vista privilegiada para o porto, oferece um por do sol sensacional. Pratos elaborados, de características gourmet imperdíveis.

Bar e restaurante do Cachorro – Do alto, possuindo uma vista linda para a praia do cachorro, o bar oferece petiscos de frutos do mar extremamente bem feitos e uma cerveja estupidamente gelada. Para o final de tarde é o ideal. Por estas bandas (mas, no bar da praia do cachorro) costuma-se deparar com uma figura exótica e simpática, com cabelo moicano e coleira de cachorro. Trata-se do “Cachorrão” um dos pioneiros daquele canto.

Duda Rei Bar – Na praia da Conceição. Abastece com a maior qualidade (petiscos e drinks) aqueles que estão curtindo a praia da Conceição.

5) Peculiaridades, curiosidades e mazelas da ilha

Noronha é uma ilha composta por 4 mil habitantes. Existem cerca de 1.000 (mil) veículos motorizados circulando pelo local. Ano após ano, o número de veículos aumenta e não duvidarei se um dia alguém reclamar de engarrafamento naquele local. Parecem estranhos os critérios de liberação de veículo para entrada e uso em Noronha. Claro que deve mexer com muitos interesses e deve representar o enriquecimento de algumas pouquíssimas pessoas.

Uma atipicidade local é que a mulheres grávidas de 7 (sete) meses devem sair da ilha. Pode-se dizer que SÃO OBRIGADAS a se retirarem da ilha e se dirigem ao continente para terem seus filhos, evitando com isso o nascimento de “nativos”. Em breve, a continuar esta política esdrúxula de exclusão (sou capaz de dizer que é inconstitucional, inclusive)., não terão mais nativos naquele local. Parece óbvio que as motivações para que se dê esta segregação é de ordem econômica. Algum direito (a terras, principalmente) que os nativos têm e que o Governo de Pernambuco parece querer, a todo custo, impedir que se realize.

A ilha tem animais típicos e, ao que parece, endêmicos. Os mais comuns e que poderão ser vistos quase todo o tempo são a “MABÚIA” (lagartixa preta) e o “MOCÓ” (espécie de preá). Também podem ser vistos lagartos grandes, muito bonitos que são conhecidos como “TEJÚ”.

Sou um apaixonado por Fernando de Noronha. Exatamente por isso observo que se contrapõe às belezas naturais inigualáveis os aparentes descuidos e desmandos da administração local. A ilha parece, em alguns momentos, abandonada! O povo local não disfarça a insatisfação com o administrador que, para muitos, usa o cargo para fomentar “negócios” (para ele e para seus “amigos”) na ilha mas, não gerencia adequadamente as suas necessidades.

Quando você vai mais de uma vez à Noronha e fica algum tempo lá, acaba conversando com as pessoas que lá residem e consegue perceber um sentimento totalmente diferente daquele que o turista (brasileiro ou estrangeiro) consegue enxergar. Lá, tem pessoas passando por sérias dificuldades de sobrevivência, por incrível que possa parecer. Vale a pena dar uma olhada no post :  Noronha: o paraíso às avessas.

Cabe ao Governo Federal e ao Governo de Pernambuco escolher mais criteriosamente o administrador daquele local, reservando mais verbas para o desenvolvimento e conservação da região. É quase unânime a afirmativa das pessoas de lá, de que quando Noronha estava sob os auspícios do EXÉRCITO BRASILEIRO, os residentes eram mais felizes, mais bem atendidos e a ilha parecia realmente bem cuidada como é de se esperar um tratamento público reservado a um lugar como este, mundialmente conhecido e declarado patrimônio da humanidade.

As dúvidas do “até breve”

Quem gosta de Noronha como eu, não se despede, simplesmente, da ilha. Na verdade, pronuncia um “até breve”, de preferência com a viagem de volta agendada.

Mas, sempre fica uma dúvida e uma pergunta que parece não querer calar: até quando teremos “Fernando de Noronha”? Não é difícil perceber que a convivência HOMEM x NATUREZA, principalmente lá, torna-se a cada dia algo mais insustentável. São os carros em excesso, as pessoas, o lixo…..enfim, muitas variáveis que precisam ser controladas sob pena de destruirmos um belíssimo paraíso natural. As soluções para questões extremamente complexas como estas são muitas e, quase todas, bastante antipáticas ao turismo, tais como limitar consideravelmente a presença de não residentes, aumentar os preços de tudo, de forma a que tenhamos este cruel (mas, necessário) filtro de visitação, aumentar a fiscalização, etc, etc, etc…

Enquanto isso não acontece e do alto do mais puro e elevado espírito ecológico de conservação e manutenção, nos resta contar os dias para o retorno àquele paraíso.

Até breve!

HSF

 

Trekking: o que levar?

O livro “Trekking” de Athayde Tonhasca Jr. (escolha o menor preço e compre aqui) foi uma de minhas fontes mais importantes para o planejamento e o aproveitamento máximo de nossas “aventuras”.

Segundo esta obra o termo Trekking veio em decorrência das longas e árduas caminhadas (viagens migratórias) dos colonos europeus, na África do Sul, nos anos 1800. As expedições eram chamadas de “treks”, daí o surgimento do termo que hoje conhecemos para a designação desta envolvente modalidade esportiva.

E o que levar em um Trekking?

Para vestir (seja extremamente econômico):

– Agasalho (dispensar se for um trekking litorâneo, pela praia, por exemplo);

– Capa de chuva (ideal é a do tipo Anorak que ocupa pouco espaço e é leve)

– 1 muda de roupa (escolha tecidos que sequem rápido, após a lavagem, como “tactel”, por exemplo. Coloque na cabeça que você deve repetir a roupa, sim! rsrs… Trata-se de um trekking e, não, um desfile!…)

 – Chapéu (escolha o tipo que possui aba na frente e atrás – tipo expedicionário – de forma a proteger do Sol seus ombros, orelhas e pescoço)

– Luvas (do tipo que protegerá sua mão no caso de precisar pegar em algo que possa machucá-lo ou se firmar em uma corda – a luva usada em mecânica é barata, leve e serve para este fim, embora não seja a ideal)

Refeições:

– Refeições devem girar em torno de 0,5 a 1,0 Kg/pessoa/dia. É claro que o ideal é a utilização de alimentos mais calóricos e, com isso, a relação “peso do alimento x dia” pode ser reduzida. Por mais “natureba” que você seja, não tem sentido em comer “folhas” no meio de um Trekking….rs…(Ideal é: castanha do Pará, nozes, frutas secas – banana desidratada é ótimo, cup noodles, miojo, chocolate, barra de cereal, granola, etc…).

– Água – ao menos duas garrafinhas “pet” de meio litro cada.

Equipamentos e Apetrechos (gostaram do termo?!…rs…):

– PROTETOR SOLAR (nem pensar em esquecer…)

– conjuntinho de panela e caneca (próprio para camping e quanto menor melhor)

– fogareiro (só se a programação do trekking exigir que se esquente água, por exemplo! O melhor é não levar esta peça e se adaptar a comer comidas prontas, mas se achar que não consegue, escolha o fogareiro menor possível – para não pesar – a base de álcool).

– saco plástico grosso – não economize comprando sacos que rasguem fácil (serve para trazer seu lixo de volta e para várias outras finalidades)

– Conjunto de talheres – Escolha do tipo que vem junto colher, garfo e faca e, ainda, às vezes, já vem com abridor de lata e garrafa. Assim, ocupa menos espaço e fica mais organizado

– Canivete – Escolha um bom, daqueles do tipo suíço que vem com várias funções. Um função que NÃO pode faltar é o alicate.

– Fita adesiva “Silver Tape” – Diversas utilidades. Haja o que houver, leve-a. Na hora do aperto, você vai me agradecer.

– Papel higiênico (preciso dizer o pra quê?!)

– Toalha pequena

– Escova e pasta de dentes

– Sabonete (pequeno – do tipo fornecido em hotel)

– Vela

– Fósforo

– Isqueiro (..e se o fósforo molhar?..)

– Cantil (alumínio ou plástico)

– GPS (…só para o caso de um trekking que NÃO seja pela praia…senão será peso morto…)

– Bússola (idem, idem caso do GPS)

– Bloquinho de papel e lápis/caneta

– Cajado ou bastão de caminhada (é opcional, mas ajuda muito quem o utiliza. Se forem dois, ao invés de um, melhor ainda…)

– Mapa Impresso do trajeto todo, com as devidas observações. Obtido através do Google Earth/Maps

– Óculos escuros (para trekkings de praia, no verão, é equipamento indispensável)

– Corda (do tipo leve e resistente para escalada – pode ser fundamental para a suspensão de equipamentos e até pessoas quando se deparam com pequenos obstáculos, tais como falésias, por exemplo).

Porém, o mais importante na escolha do que levar é danada da disciplina. Se a gente não tiver muita, acaba levando coisa demais, muitas vezes, um peso extra que vai ser sentido durante todo o trajeto, tornando desconfortável nossa viagem, provocado por algo que nunca será usado.

O que posso dizer é que você deve resistir à tentação de levar muitas peças de roupa, mais de um calçado, mais de uma sunga/biquini e tantas outras coisas que só vão fazer você se arrepender no caminho.

Mas, o que realmente nunca poderá faltar num trekking é a máquina fotográfica/filmadora e o espírito preparado e descontraído daquele que se realiza com novos desafios.

Boa sorte!

HSF

Trekking ES Sul – do papel para a história…

Eu na praia de Marobá
Eu (praia de Marobá)

…É rico, é pobre, é feio, é bonito, é branco, é preto, não interessa! No final, vai todo mundo pro mesmo buraco… prlroo burlraaacoo…..” . Esta autêntica filosofia de botequim foi dita, em voz bastante alta e arrastada, por um inofensivo “bebum” que passava ao nosso lado, enquanto tomávamos uma água de coco bem gelada, de frente à bonita praia de Marobá (sul do Espírito Santo), iluminados por uma espetacular lua cheia e pelo gratificante sentimento de dever cumprido, ao vencermos a primeira etapa de nosso trekking, completando 12,5 Km, em 4 horas e meia de caminhada pela praia. A sexta-feira já estava no fim. Era quase hora de dormir e se preparar para o dia seguinte…

Este trekking foi todo planejado com o uso do Google Earth (para baixar roteiro clique aqui). Com a providencial ferramenta, foi possível mapear nosso ponto de saída, praia das Neves (extremo sul do estado do Espírito Santo), calcular o tamanho aproximado das duas “pernas” de caminhada (entre 10 e 15 Km, cada) e escolher os pontos de apoio, ou seja, locais prováveis para que pudéssemos chegar, tomar banho, comer alguma coisa, apreciar ligeiramente as características locais e, claro, desmoronar o esqueleto em alguma cama honesta, para aprontá-lo para o dia seguinte de programação.
Manguezal - Marco zero
Manguezal - Marco zero
caminho deserto 1
caminho deserto 1
caminho deserto 2
caminho deserto 2
caminho deserto 3
caminho deserto 3
Falésias e beleza natural
Falésias e beleza natural
Falésia - chegada estava próxima
Falésia - chegada estava próxima
Garças - presença constante
Garças - presença constante
Lagoas: presença constante ao longo do caminho
Lagoas: diversas ao longo do caminho
companhia: especial e inspiradora
companhia: especial e inspiradora
O sul do Espírito Santo mostrou-se, realmente, muito bonito. Logo na saída do Trekking, no extremo sul do estado do Espírito Santo, avistamos a divisa geográfica entre nosso estado e o estado do Rio de Janeiro, o rio Itabapoana. Pouco depois do local em que desemboca o rio, nas areias brancas da praia, antes da movimentação natural (quiosques e banhistas) da praia das Neves, foi nosso local de partida. Foi nosso marco zero!

A primeira etapa, não foi nada fácil. Vento forte contra, sol escaldante e uma severa inclinação na areia, eram fatores a serem superados neste trekking. Além disso, a areia era bastante (,) fofa. (..aliás, para distrair e sacanear os outros, a gente colocava uma vírgula, entre o “bastante” e o “fofa”, sempre que se referia ao estado da trilha…..rs….falta do que fazer….).

Foram 12,5 Km de uma imensidão de areia e mar, boa parte, completamente deserta. Uma verdadeira terapia. Nos primeiros 3 Km, é um falatório só. Depois, um silêncio avassalador (…só se ouve o vento e o mar, imponentes!…). É quando a gente se encontra com a nossa consciência e faz as pazes com tudo aquilo que nos traz felicidade e tranqüilidade. É quando vemos que precisamos de muito, mas muito pouco para sentirmos alegria de viver. É aí que vemos como temos nos violentado, em nosso dia-a-dia, numa corrida de “ratos” maluca, à procura de algo (..nas coisas, no consumo…) que já está em nós….

amigo canino: uma grata surpresa!
amigo canino: uma grata surpresa!
"siri" - sempre vigilante
"siri" - sempre vigilante

Esta primeira etapa de nosso trekking teve um personagem único e inusitado. Quando passávamos em frente à praia das Neves, um cão alegre se aproximou, balançando o rabo. Como nós não o espantamos (…coisa que outros deviam fazer…), ele se juntou ao grupo. Pensei que fosse andar um pouquinho só ao nosso lado e depois voltar para a vila. Engano meu! O bichano nos acompanhou por toda a primeira etapa. Caminhou conosco, mais de 4 horas, até chegarmos na praia de Marobá.

O mais curioso era a sua atividade predileta. Ele avistava ao longe um siri branco de praia (…também conhecido como guruçá…), corria atrás, cercava, latia e tentava pegar com a boca sua “presa”, até que ela conseguisse fugir pro mar. Daí a pouco, fazia tudo de novo, quando enxergava um novo infeliz morador daquelas areias. A gente percebeu que ele não tinha intenção nenhuma de machucar o siri (…embora talvez o fizesse, às vezes…rs…). Era pura diversão. Aquele cachorro tinha personalidade e sabia o que queria. Impressionou a gente, pela sua independência e felicidade. Ficamos amigos e pra não chamar um amigo de “cachorro”, demos a ele um nome bastante sugestivo: “Siri”.

Pousada Baleia Branca: honesta
Pousada: honesta

Chegamos na praia de Marobá, cansados, mas muito contentes com o feito. Ficamos hospedados na Pousada Baleia Branca. Um local super limpo, honesto em tudo e cujos proprietários são gente (de Juiz de Fora (MG)), simples e acolhedora, a Carla e o Sr. “Tchê” (pai) (Pousada Baleia Branca – (28) 3535-4099 – Marobá e (32) 3237-9272 – Juiz de Fora / Diárias com café da manhã custam em torno de R$ 80,00/US$ 43,00).

Em Marobá, ainda de “gruja”, acompanhamos um evento muito interessante: Marobá Acro Brasil: I Etapa do Circuito Brasileiro de Acrobacias de parapente. Parecia um evento internacional, pela quantidade de “gringo” fazendo graça com os parapentes no ar. Só tinha fera. Quem imaginaria que encontraríamos essa atração lá, não e mesmo!? A própósito, a Prefeitura de Presidente Kennedy está de parabéns pelo investimento que tem feito em seu verão. Muito legal e vale a pena conferir.

No dia seguinte, o mais cedo possível (…rs…), partimos para a realização da segunda etapa do desafio. Não tínhamos mais a companhia de “Siri”. Quem sabe ele tenha encontrado novos “amigos” e novos destinos, que satisfizessem àquele seu invejável espírito livre? (…desejamos ao “Siri” boa sorte!…). Apesar disso, consideramos um trecho mais tranqüilo. As baías eram menores, a areia não era mais tão fofa e o trajeto não se apresentava tão inclinado como antes. Também começamos a ver lindas falésias e pedaços de mata de restinga intocável. Foi um espetáculo. Fizemos os 11 Km em 3 horas e meia. Chegamos triunfantes ao Camping do Siri, nosso destino final. Lá, já tínhamos nossas reservas, na pousada, registradas. Foi lá que, há dois dias, havíamos deixado o carro e fomos levados de táxi para o extremo Sul do Estado. Aliás, o motorista foi o Sr. Delci ((28) 9883-0849/3532-4180 – corrida custou R$ 90,00/US$ 48,00). Sujeito prestativo e falante. Tenho certeza de que terá o maior prazer em levar outros andarilhos para a saída na trilha, que descobrimos. No Espírito Santo, certamente, é o ponto mais ao sul, pertinho do mangue que margeia o rio Itabapoana.

Passamos à noite de sábado rindo à toa e, sempre, regada à água de coco, vinho e cerveja (…muito chato….rs…). No domingo, ficamos de molho o dia todo, aproveitando a ótima praia do siri, de frente ao Camping. O corpo doía, mas a alma estava radiante! Lembrei da frase célebre muito usada por maratonistas: pain is temporary, proud is forever (a dor é temporária, o orgulho é para sempre).

Eu já sabia, mas para os que se aventuraram pela primeira vez, foi uma constatação de que fazer um trekking é algo extremamente gratificante. Lava a alma e nos leva a diversas reflexões. Desde a nossa insignificância diante da grandeza da natureza ao valor das pequenas coisas, dos gestos mais simples, nada passa despercebido, após horas caminhando numa praia deserta. É comum a gente perceber que costuma complicar as coisas. A nítida impressão que temos é que a vida podia ser mais fácil. Enfim, trekking é tão bom que não podemos passar muito tempo sem uma nova programação. Breve, faremos novas caminhadas e, quem sabe, conseguimos cobrir toda a costa do Espírito Santo em menos tempo do que se possa imaginar, não é mesmo!? Tenho certeza: companhia é o que não vai faltar…rs….

Costumo dizer que você nunca termina um Trekking, exatamente como começou (…não me refiro aos naturais calos e bolhas no pé….). Ao final, os laços de amizade, entre as pessoas que participam, se reforçam e nossa auto-estima se reconstitui. A gente vê que ali, na trilha, todo mundo parece igual diante do mesmo desafio assim como sempre deveria ser, fora dali. Afinal, de fato, somos todos muito parecidos em nossos anseios, medos, desafios e desejos. Foi quando lembrei do início deste post, do recado daquele “bebum” de Marobá e, pensei:e não é que o ébrio tem razão?!….rs….

É desse jeito!!!…..

HSF