“Burros brigam enquanto menino afegão cai”

Quando li a manchete, título deste post, no portal UOL ontem, eu estava bem no meio do “fogo cruzado” pesquisando um assunto para resolver uma questão de um cliente mas, confesso, não tive como resistir!!… “Burros que brigavam enquanto um menino caía…“……pensei logo: “...quem seriam esses desalmados que teriam deixado um menino cair, enquanto brigavam…?”. A ficar imaginando, resolvi parar tudo e ir lá verificar. Mais do que imediatamente, me linkei na notícia para ver aqueles “burros” trocando tapas e um pobre garotinho caindo…

Quando abri o link, tive uma grata surpresa. Ao invés de ver dois “animais” (bicho-homem) saindo na porrada, como eu inicialmente imaginei, eu acabei vendo o registro fotográfico, da melhor qualidade, do fotógrafo alemão (na Reuters, desde 1996, como freela) Kai Pfaffenbach. (Garoto propaganda da Canon e excelente fotógrafo).

burros_kai_reuters_atireiopaunogato

Link UOL aqui

Outra famosa foto do Kai (…esta todo mundo lembra…) é aquela em que se faz o registro histórico da comemoração, bem nacionalista, de uma medalha olímpica brasileira inédita, a do salto em distância (feminino), conquistada pela Maurren Maggi (…aliás, codeloco ela, não!?…).

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Vale a pena fazer uma visitinha no site oficial de Kai Pfaffenbach. O cara sabe tudo de fotografia…e, considerando os “buracos” em que ele se meteu para nos proporcionar os resultados de sua bem executada arte, o cara é “macho” pra caramba. Fotografar com bala “zunindo” pelo ouvido, definitivamente, é para poucos…..rs….

HSF

Prêmio Sony de Fotografia 2008

Só para se ter uma idéia da qualidade fotográfica da mostra final do prêmio SONY de fotografia internacional, fiz uma pequena seleção entre as imagens que venceram o prêmio do ano passado (2008), nas suas variadas categorias. Como eu disse no meu post anterior , trata-se de uma competição internacional, promovida pela SONY e por diversos outros patrocinadores, com prêmios em dinheiro para os vencedores e que ocorre todos os anos. O “Sony World Photography Awards” de 2009 ainda não teve o seu julgamento final, que ocorrerá entre 14 e 19 de abril deste ano. Enquanto isso não acontece, espero que curtam o “passeio” que cada imagem vencedora, logo abaixo, pode nos proporcionar. Boa viagem…

HSF

 

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Prêmio Sony de Fotografia 2009

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Tem gente que adora competir. Tá no sangue, pode-se assim dizer. Para quem adora fotografia e competir, o Prêmio Sony de Fotografia é um “prato cheio”. O “Sony World Photography Awards” é a maior competição do mundo fotográfico de que se tem notícia do Globo, principalmente, quando estamos falando em sua premiação em dinheiro ($$), destinada aos vencedores em suas mais diversas categorias.

Bem como é enfatizado no batido ditado “…mais vale um imagem do que mil palavras…”, acredito que seja esta a mais perfeita definição da fotografia, principalmente, daquelas que, por terem sido feitas por quem domina as técnicas e suas diversas nuances, consegue extrair da imagem tudo aquilo que um cidadão comum teria dificuldade para fazê-lo, sem o devido domínio desta modalidade artística. 

A galeria, da premiação Sony, deste ano está simplesmente de tirar o fôlego. Vale a pena a sua visita e perceber de perto o mundo para o qual cada clique lá registrado o conduzirá. Veja a galeria de 2009 aqui

A página de abertura da UOL também dá destaque ao Prêmio Sony de Fotografia, cuja premiação se dará em abril deste ano. Lá as fotos são dos profissionais que serão premiados, ou seja, uma seleção mais restrita, porém, não menos impressionante. Também vale a sua visita, aqui.

Após analisar com carinho cada fotografia exposta, ainda vou fazer uma seleção pessoal, com base no meu gosto fotográfico e apresentar a todos, quem, na minha opinião, deveria levar a bolada, em abril….rs…..Até lá!

HSF

Cartier-Bresson por seu amigo Pierre Assouline

 

Pierre Assouline
Pierre Assouline

Por mais rica em experiências tenha sido a vida de uma pessoa, muito do que se lê e lhe causa emoção em sua biografia, se deve ao amor, dedicação e a competência do biógrafo que se propôs a fazer este relato. Parece-me ser exatamente este o caso do livro “O olhar do Século” (já mencionado aqui neste blog), sobre a vida do fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson, irretocavelmente escrito por Pierre Assouline. Como ele mesmo se definiu, acima de tudo ele era um admirador de Bresson, algo que certamente transcendia à mera idolatria, conforme se depreende do título do prefácio da obra “Quando o herói se torna um amigo”.

 

O biógrafo deixa clara a personalidade de seu ídolo como sendo de uma pessoa impaciente, curiosa, indignada, entusiasmada e, algumas vezes, colérica. Em resumo, o que Bresson tinha de admirável em sua obra e em sua indiscutível sensibilidade artística, às vezes, se confrontava com a seu difícil temperamento e sua acidez provocativa. Em trecho, Assouline diz sobre Bresson”...nada o deixa mais secretamente feliz do que fazer um uso deliberado do aristocrático prazer de desagradar. Quando pensamos em tudo o que seus olhos viram, sentimos vertigens…”.

Em sua primeira visita à casa/ateliê de Bresson, para o início das anotações que resultaram em sua obra biográfica (absolutamente autorizada), Assouline nos remete, de forma perfeita, ao ambiente em que ele estava inserido naquele dia, tendo o descrito assim: “.…o mobiliário estava reduzido à mais absoluta simplicidade, uma biblioteca transbordando de livros de arte e catálogos de exposições com encadernações gastas de tão manuseadas. Nas paredes, em molduras de vidro um pouco deterioradas, desenhos de seu pai, guaches de seu tio e duas fotografias que não eram suas: uma tirada pelo húngaro Martin Munkacsi por volta de 1929, três meninos negros de costas, correndo à contraluz na direção das águas do lago Tanganica; a outra, pertencente ao Museu da Revolução no México, do mexicano Agustin Casasola, mostrando o falsário Fortino Samano, em 1913, diante do pelotão de fuzilamento dando as costas para o muro, com as mãos nos bolsos e um cigarro nos lábios, esboçando um sorriso de provocação e fazendo pose insolente para melhor enfrentar a morte (foto abaixo). A primeira expressa a alegria de viver no que ela tem de mais intenso e espontâneo; a segunda, a liberdade absoluta apreendida no momento fatídico em que ela ultrapassa o ponto do não-retorno“. O meu grifo, na frase que se refere à segunda fotografia, é só mais uma exclamação pessoal, pela primazia e profundidade de seu conteúdo.

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A descrição clássica de Bresson, na obra, feita por Assouline, mais se parece como uma homenagem, como de fato era: “...eu sabia que lhe dedicaria não um artigo, mas um livro. Não apenas ao maior fotógrafo vivo, a desenhista renascido, ao repórter de longa data, ao aventureiro tranquilo, ao viajante de outras eras, ao contemporâneo essencial, ao fugitivo constante, ao geômetra obsessivo, ao budista agitado, ao anarquista puritano, ao surrealista não-arrependido, ao símbolo da imagem no século, ao olho que escuta, mas principalmente ao homem por trás desses todos, aquele que os reúne, um francês em seu tempo. Como disse o poeta, é do homem que se trata...”.

Ao que tudo indica Bresson viveu uma vida simples. Muitas vezes, ao final de sua vida, não lidava muito bem com extrema a fama que ostentava, na França, não sem motivo. Como bem depreende Assouline: “...assim como ganha em ser conhecido, ele gostaria de ganhar o mesmo em mistério. Não se importa de ser famoso, com a condição de poder continuar desconhecido. Seu plano é morrer jovem, mas o mais tarde possível….”

Naquela altura de sua vida, quando alguém reconhecia Bresson na rua e lhe perguntava, se ele era mesmo o Henri Cartier Bresson, ele surpreendentemente respondia “...eventualmente…“. Uma resposta inusitada para os comuns mas, talvez, muito comum, para Bresson.

Veja também o blog de Pierre Assouline no “Le Monde“, chamado “La république des livres“. Está em francês (claro…rs…), mas pode ser traduzido, de forma precária, pelas ferramentas de tradução do Google.

HSF

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