“Malditos” gêmeos…

twinsLonge de mim fazer graça com o drama alheio, mas no caso da advogada brasileira Paula Oliveira, é muito difícil conseguirmos passar ao largo, sem ao menos especularmos as possíveis motivações que poderiam ter causado todo esse “samba suiço do crioulo doido”.

No início, era só mais uma brasileira, tentando a vida no exterior, inocente vítima de um odioso ataque xenofóbico. Três covardes neonazistas a cercaram e a subjugaram. De tão violento o episódio, além de lesões corporais superficiais por todo o corpo, de “efeito psicológico”, a moça também teria sofrido agressões físicas suficientes para que ela tivesse sofrido um terrível aborto, perdendo os “gêmeos” que esperava.

Foi o suficiente para entrar em ação o nosso nacionalismo adormecido e provocar as mais diversas reações de repulsa e justa condenação ao acontecido. Chegou-se a justificar o violento ataque, em função de estrangeiros estarem por lá, na terra do chocolate, “surrupiando” vagas de emprego de cidadãos suíços, legítimos herdeiros daquela economia, baseada substancialmente, em entrada de capitais estrangeiros, por lá ainda ser um porto seguro para investidores, pelo elevadíssimo grau de sigilo bancário e pela manutenção de um alto valor externo do franco suíço, no longo prazo. Continuar lendo “Malditos” gêmeos…

Trote: uma idiotice que precisa ter fim

troteNunca soube o que é ser vítima de um trote de faculdade. Não sei se, porque dei sorte ou por excesso de zelo. Talvez até, por ter tido a felicidade de usar uma combinação de ambos, o fato é que, em 1985, quando entrei na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), para fazer o meu primeiro curso, engenharia elétrica, consegui me livrar desse abominável, detestável, criminoso e inoportuno “ritual de boas vindas” a que se dá o nome de trote.

Apesar de não conhecer esta modalidade de humilhação, nem por isso, fico menos revoltado quando vejo, todo ano, notícias e mais notícias de vítimas nas faculdades. E noto, inclusive, certo aprimoramento no requinte deste sadismo acadêmico. No meu tempo, o calouro sofria com a cabeça raspada e com um banho de ovo e farinha de trigo, enquanto era obrigado a fazer algumas palhaçadas, no meio de uma roda formada por risonhos e covardes veteranos. Já a caloura, conseguia se livrar de perder os cabelos que, em compensação, eram tingidos com qualquer tipo de substância, desde que, não fosse tintura de cabelo, claro! Hoje, vejo gente sendo chicoteada, esmurrada, obrigada a ingerir elevadas doses de álcool, queimadas com substâncias químicas, privadas do direito de ir e vir, dentre outros absurdos…

Há quem justifique historicamente o trote alegando que se trata de uma tradição secular, iniciada na Idade Média, quando o calouro tinha seus cabelos raspados e sua roupa queimada em decorrência das péssimas condições gerais de higiene da época. Apesar de humilhantes, eram, primordialmente, iniciativas que visavam à saúde pública e ao combate à indesejável proliferação de doenças. A partir daí, a maioria das faculdades da Europa adotou tais procedimentos que, persistiram até hoje, por todos os cantos do mundo, ainda que não tenhamos mais uma justificativa plausível. Continuar lendo Trote: uma idiotice que precisa ter fim