Tempos Estranhos

Pesquisas para presidente em 2018 indicam polaridade entre o “professor Inácio” e o “capitão Messias”. Para quem já formou convicção de que essas não serão boas opções para um país machucado como o Brasil, é de chorar!

Mas, ainda há muito o que acontecer antes que uma outra tragédia eleitoral como esta nos abata. Apesar da sádica atração do eleitorado brasileiro pelo risco e pelo autoflagelo, precisamos acreditar que estamos diante de um momento de virada.

Em primeiro lugar, é preciso uma dose extra de má vontade ou de economia intelectual para não reconhecer que vivemos tempos muito estranhos, mas que, no fim, isso vai nos render bons frutos.

Na lista de “estranhices”, podemos destacar o fato de que foi um governo “ilegítimo” que levou adiante mudanças absolutamente necessárias ao Brasil que queremos. Entre elas, destaca-se a que permeia a contabilidade pública e a responsabilidade fiscal. O estabelecimento do teto de gastos públicos foi fruto dos esforços de uma competente equipe econômica, escolhida exatamente para isso.

E quanto à reforma trabalhista? Saiu, depois de ter sido ensaiada por muitos anos e emperrada por quem ignorava a absurda insegurança jurídica que havia ao empregar.

Faltando poucos ajustes, os três poderes parecem funcionar de forma independente e o mais harmonicamente possível. As instituições em geral, com ênfase na Polícia Federal e no Ministério Público, têm feito, com louvor, o que se espera delas.

E nossas cadeias? Cheias de empresários, brancos e milionários. Políticos com e sem mandato e, em alguns Estados, cúpulas de poder reinante por 20 anos, silenciosamente acautelados.

Estranho? Estes são sinais interligados que representam a chance do Brasil. É agora ou nunca! Mas, para dar certo, precisamos, todos, agir de maneira diferente do que sempre fizemos. Só votar, agora, é pouco. É preciso pedir votos, defender pontos de vista. Os tempos exigem militância!

As pessoas precisam entender que da mesma forma que escolhem o melhor médico quando estão doentes, assim também deve ser na escolha de quem vai governar o país. Ser gestor público não é para quem quer, mas sim para quem comprovadamente se preparou para isso.

E, quando o povo entender tudo e resolver trocar os favores do presente pelo futuro de seus filhos e netos, teremos avançado muito como sociedade. É quando os salvadores da pátria e valentões com frases prontas serão desmascarados e não ameaçarão mais o caminho do Brasil, com seus projetos pessoais de poder.

* Haroldo Santos Filho é advogado e contador.

** Artigo de opinião publicado no jornal “A Gazeta”, em 13 de dezembro de 2017

Tempos Estranhos

O Dominó da Dilma

O que temos visto sobre as quedas dos Ministros de Estado, no Governo Dilma Roussef, mais parece um daqueles melancólicos espetáculos “artísticos” em que basta um dominó ser derrubado, para que este inicie uma transformação em série, derrubando todos os dominós a seu lado e, como consequência, formando uma nova imagem, um novo cenário.

Começou com o Antonio Palocci (Casa Civil), depois passou por Luiz Sérgio (Relações Institucionais), Alfredo Nascimento (Transportes), Nelson Jobim (Defesa), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo), Orlando Silva (Esporte), Carlos Lupi (Trabalho) e, agora, quem parece estar no fio da navalha, curtindo o mantra “seu gato subiu no telhado” é o Ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). Este último, na bica de cair…

Salvo engano, com exceção do Ministro Nelson Jobim (…que “morreu” pela boca: falou demais!…), todos os demais que caíram ou que perigam cair, estavam, direta ou indiretamente, envolvidos em situações inadequadas para as suas condições de Ministro de Estado. Desde envolvimento com denúncias de corrupção, enriquecimento ilícito, tráfego de influência, malversação do erário, lavagem de dinheiro e muito mais…

Nestas horas, deveria valer mais do que tudo o velho adágio que lembra à mulher de “César” que a ela, pela posição ocupa, não basta ser honesta, cabendo à mesma também parecer honesta. Será então que os Ministros que caíram eram tão somente servidores públicos descuidados (ainda que no seu passado próximo)? Será que foram perseguidos por interessados em suas quedas ou pela “perversa” mídia? Não sei, mas me parece pouco provável que denúncias absolutamente vazias pudessem resultar em quedas de Ministros. É natural que algo, de concreto, tenha existido…

É bem verdade que a imprensa, com seu indiscutível e desmedido poder, poderia, sim,  “facilitar” as coisas, para que um Ministro caísse. Claro que sim! Neste aspecto, lembro-me muito bem de uma fala do então Senador Artur da Távola em depoimento no excelente filme “Ninguém sabe o duro que dei“, que tratou da ascensão e queda do incontestavelmente talentoso Wilson Simonal  (para ouvir, clique no player ao final do post). O Senador dizia que a imprensa brasileira, não diferente da mundial, deveria tomar muito cuidado, pois estava se tornando mais comum do que o desejável, a mídia tomar o sintoma como um indício, o indício como fato, o fato como um julgamento, o julgamento como condenação e a condenação era, imediatamente, transformada em linchamento público. De fato, perigoso, muito perigoso para a nossa democracia e para a nossa segurança jurídica.

Ocorre que, assim como o Simonal da década de 60, também no caso dos Ministros que caíram, isso não ocorreu pela simples e gratuita suposta execração da imprensa. Parece claro que todos eles deram algum motivo…! No mínimo, vacilaram. E, num meio em que o seu status é sempre desejado e disputado por muitos, o mais despretensioso “vacilo” pode lhe custar a pele.

Mas, as quedas destes Ministros não me parecem, de todo, acontecimentos negativos. É natural que demonstrem certa fragilidade do Governo por ter estado com gente em sua equipe susceptível a ser retirado à forceps de seus cargos, em função da descoberta de suas condutas não muito ortodoxas. Mas, por outro lado, o fato de estarem sendo sacados, tão logo se vejam diante de situações inexplicáveis ou de convencimento embotado, demonstra que a governabilidade de Dilma ainda resiste.

Convenhamos, o staff de primeiro escalão do governo federal é de quase quarenta cabeças, representando interesses de 7 grandes partidos (PT, PMDB, PSB, PP, PCdoB, PR e PDT), além de atender ao pedido de um sem número de padrinhos políticos que desejam ter um “pé” em cada Ministério. De fato, é muito difícil governar assim.

Talvez um novo e almejado cenário criado pela queda das peças do dominó, bem que poderia ser o da fusão de ministérios, no lugar de se fazer a simples substituição de uma peça pela outra, mantendo o “status quo ante“. Vejo como uma ótima oportunidade de acerto para Governo Federal, ao redimensionar sua estrutura, com vistas ao enxugamento da máquina governamental e redução dos gastos públicos. Agenda positiva! Bem melhor do que trocar “seis por meia dúzia”, não é não!?…

HSF

Brasil, 2014…

É… o Brasil perdeu! Brasil 1 x Holanda 2. Laranjada azeda e sem adoçante.

Particularmente, não gosto de ver jogo na presença de ninguém. Gosto de silêncio para conseguir ouvir as bobagens do Galvão Bueno, acompanhar todos os momentos da partida e deixar todas as emoções a que estamos sujeitos, vendo jogos da copa do mundo, entre quatro paredes (além das outras coisas triviais que ainda fazemos entre quatro paredes…rs…). Se o Brasil ganha, aí sim, vamos comemorar em conjunto, com os amigos. Se perde, como aconteceu hoje, o melhor é abstrair e lembrar da vida real.

Quando jogam dois grandes times tudo pode acontecer. E aconteceu, mesmo. A Holanda nos deu uma bela pregada (mereceram!), tirando a seleção brasileira das quartas de final. Eliminação esta, exatamente do mesmo tamanho que havia sofrido a seleção do Parreira em 2006.

Não tenho nenhuma pretensão de ser comentarista de futebol, até porque me falta competência. Mas, convenhamos, a seleção foi para o vestiário no intervalo do primeiro tempo, ganhando por 1 x 0, convicta de que já estava na semifinal. Resultado: se o jogo já estava ganho, pra que jogar? Psicologicamente perturbados, a seleção apática se entregou.

E agora, o que fazer? Dar continuidade aos projetos pessoais, como se nada tivesse acontecido. É triste, dada a importância que o brasileiro dá ao futebol da copa do mundo. Mas, paciência…

Vida que segue, com uma enorme vantagem: sem aquela praga chamada “vuvuzela”!…

HSF