Como pode?

Ontem, o bicho pegou em pleno Shopping Vitória! Quatro assaltantes, muito bem armados, entraram no Shopping e foram direto para o Banco do Brasil, sabedores de que era próxima a hora do transporte de valores feita por estas empresas de vigilância. Foi uma merda geral! Tiro pra todo lado e, pior, dois vigilantes mortos (com tiros na cabeça) e uma criança ferida na perna, sem risco de morte. Os caras levaram os malotes com a grana e saíram do local, pra variar, de moto.

A pergunta que me faço talvez tenha sido a mesma que esses bandidos fizeram enquanto planejavam seu feito. Como pode ser possível que quatro vagabundos, armados até os dentes, possam entrar num Shopping, com uma porrada de seguranças (bem vestidos de colete e gravata), com central de monitoramento e filmagem abrangendo quase até as portas dos banheiros, fazer o que fizeram? É verdade que a operação foi rápida! Mas, saírem sem deixar pistas? A minha reconhecida ignorância em matéria de segurança não me permite entender.

Parece coisa de gente velha, mas não é de hoje que quando me deparo na rua, com aqueles carros blindados e os vigilantes com dedo no gatilho olhando de uma lado a outro, enquanto seus colegas carregam sacos de dinheiro para dentro ou pra fora de um banco, chego a mudar a direção de meu trajeto. Se for preciso, atravesso a rua e me mantenho bem distante daquela cena dantesca.  Sempre fiz isso, porque sei que ali é potencialmente um momento do “tudo ou nada” pra quem pretende botar a mão na grana alheia. É como se algo me dissesse: “sai fora porque pode dar merda!”. Foi numa cena semelhante a essa que tudo aconteceu ontem.

Como a cerca sempre é reforçada depois de uma bem sucedida invasão, acredito que neste caso não será diferente. Novas tecnologias e novas rotinas de segurança serão implantadas a partir de logo. Se em Shopping Center, normalmente, tudo é mais caro por ser este um local que transmite ao cliente a necessária segurança para circular com a família, como fica esta certeza a partir de agora?

Quando entro num saguão de um aeroporto, acho um saco ter de passar por todo aquele aparato de segurança, de revista pessoal, detectores de metal e de tantas outras técnicas investigativas. Mas depois, devo confessar que é um dos lugares em que me sinto mais confortável em matéria de segurança. Sei que ninguém vai enfiar uma faca ou um “tresoitão” no meu fígado e fazer meu notebook, sem eu poder emitir um único pio. É o alto preço que se paga por um mínimo de segurança.

Sou pessimista quanto ao nosso futuro, principalmente, para quem vive em cidades grandes. Sei que, cada vez mais, precisaremos ser “incomodados”, tal qual se faz em aeroportos, para que possamos ter a mínima garantia de que um passeio no Shopping ou na praia, por exemplo, não se transformará em tragédia.

Não tenho, nem nunca tive nenhuma vocação para encontrar justificativas para o mundo ser como ele é. Procuro viver a minha vida respeitando e esperando respeito de quem me cerca. Entender a mente de um bandido que mata a sangue frio por dinheiro, vai muito além de minhas pretensões de vida, como pragmático que sou. Para estes casos, existem inúmeras pessoas que, engajadas nos direitos humanos, fazem um invejável trabalho que, indubitavelmente, deve contribuir para a melhoria do mundo em que vivemos.

Eu, por reconhecida incompetência na área humanística, me limito a torcer. Torcer para que a segurança dos centros comerciais para os quais levamos nossas famílias possam melhorar consideravelmente. E, por fim, torcer muito para que estes quatro marginais sejam descobertos e se vejam desprevenidos no meio de um fortíssimo e insuperável cerco policial e que, em momento algum, hesitem em reagir violentamente à prisão, com todas as suas forças. E que se faça a desejada dicotomia: sofrimento, dessa vez, de suas famílias e um enorme favor para a sociedade.

HSF

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