“Corredores. Sim, nós somos diferentes”

Academia de ginástica é um ambiente interessante pelos tipos que lá se vê. É tão eclético que encontramos pessoas das mais diversas profissões e motivadas pelas mais variadas razões para, muitas vezes, acordarem cedo ou deixarem de fazer outras coisas (…quase sempre menos interessantes…), para estarem lá, no meio de um monte gente suada, dando o seu “sangue”, por puro prazer ou, no mínimo, por reconhecer a necessidade de fazê-lo.

É também na academia que se conhece pessoas. Umas demoram mais do que outras para se “deixarem” conhecer mas, ao final, com o passar do tempo e com a “forçada” convivência, a primeira conversa “puxada” é questão de tempo pra acontecer.  Vou a academia bem cedo, quase todos os dias, para tentar fortalecer a musculatura (…já meio cansada de guerra…), principalmente dos membros inferiores, para que na hora em que eu estiver correndo, pelas ruas ou em qualquer outro ambiente, nenhuma surpresa desagradável apareça, fazendo com que eu fique de molho por prazo indeterminado.

Só tem que, devo admitir, ao contrário de outros praticantes de corrida, eu simplesmente adoro a esteira! Se existe o termo “rato de academia”, eu poderia perfeitamente me auto-denominar “hamster de academia”, porque parece adorar ficar correndo naquela rodinha, sem sair do lugar. Se eu prefiro a esteira à correr no chão firme? Depende. Se for um lugar bonito com árvores em volta, vento fresco no rosto, silêncio precioso quebrado só pelos sons de animais silvestres, não tenha a menor dúvida: jogo a esteira no lixo. Mas, se for num ambiente tenso, poluído com ruídos e gases de veículos, com risco de ser assaltado, quebrar o pé num buraco ou mesmo de ser atropelado, sou mais a esteira de academia, mil vezes. O meu preparador é que fica bravo, tentando me mandar para rua. Ele sabe que se depender de mim, fico é na esteira mesmo e, com isso, comprometo o treinamento dele…..rs…..

Num dia desses, após uma corrida de 1 hora na esteira, a uns 9 Km/h (…um treino pianinho….), estava eu alongando ainda em cima da máquina, quando se aproximou um senhor, de cabelos brancos, cujo nome não sabia, embora eu o visse todos os dias naquele local. Virou pra mim e perguntou:

Rapaz, me desculpe a pergunta, mas tenho visto você correndo aí já não é de hoje. É impressão minha ou você, às vezes, fica rindo sozinho, enquanto corre?

Olha, o senhor tem razão. Eu acho que eu fico rindo em alguns momentos mesmo…..

Mas, isso é normal?! (brincou o velhor senhor). É o que você fica ouvindo no seu ipod, que o faz rir?

Não…não. No ipod só tem música (principalmente reggae). Na verdade, não sei bem explicar não. Simplesmente me dá vontade de rir e é isso que eu faço….rs… (….não ia entrar no mérito de que aquela “euforia” se dava em função das doses de endorfina, proporcionadas pela corrida, jogadas na minha corrente sanguínea, né?!…rsss….Eu ia parecer um babaca, entrando nesta seara…..rs….)

É………vocês, corredores, são bem estranhos mesmo, não é!? (…e voltou para o seu abdominal, morrendo de rir…).

Bem, “estranhos”, eu não diria. Mas, “diferentes”, com certeza! Isso me faz lembrar uma espetacular campanha publicitária promovida pela Adidas , que vi pela primeira vez, nas revistas “Runners” americanas, de 1999, que chegavam em minha casa com quase 2 meses de atraso, cujo título destacava exatamente a diferença típica de comportamento dos praticantes de corrida. Seu título original era “Runners. Yeah, we´re different“, que em tradução livre seria “Corredores. Sim, nós somos diferentes“. O mais engraçado é que a campanha “diz” tudo somente através de fotografias, extremamente oportunas e bem tiradas (…ou boladas…). É quando a gente vê corredores fazendo aquilo que para a maioria das pessoas é pura maluquice mas, pra nós, algo absolutamente comum.

Consegui algumas fotos da campanha original e terei o maior prazer em compartilhá-las com os leitores. São todas ótimas, mas tem duas melhores, na minha opinião. Uma é a foto de uma mulher com olhar intrigado ao ver um corredor de rua no warm up (antes do início da prova), colocando band aid no “biquinho” do peito (correr mais de 1 hora e meia sem esta “proteção”, causa uma assadura horrível, que você fica se lembrando por 15 dias, no mínimo). A outra é a de uma senhora que está num consultório médico espantada ao ver, nas paredes, tantos números de inscrição em diversas corridas de rua (…daquelas colocas no peito do corredores com quatro pregadores…), emolduradas, como se fossem diplomas de formatura. Provavelmente, o médico devia ser um orgulhoso corredor que fazia questão de mostrar em que cidades do mundo ele teve a oportunidade de correr. Repare que ganhar ou perder, não faz a menor diferença, neste caso. O fato de se ter participado e chegado é que deve ser lembrado, tanto é assim, que não há medalhas nem troféus pendurados, só a prova de que ele participou. O que mais posso dizer, antes de lhes apresentar a campanha? Coisas de corredor…..

HSF

runners_bandaid2_atireiopaunogato

runners_consultorio_atireiopaunogato

 

runners_nariz_atireiopaunogato

 

runners_pelado2_atireiopaunogato

runners_vaselina2_atireiopaunogato

runners_correndo_rio_atireiopaunogato

runners_carrinho_bebe2_atireiopaunogato

runners_banheiro_atireiopaunogato

Um dia muito ruim…

Imagine uma coisa que pudesse acontecer com você hoje e que, certamente o deixaria muito, mas muito irritado (Puto, seria o termo mais autêntico, para o caso!…). Agora multiplique ou potencialize por 3 (no mínimo)…Aí, põe irritação nisso, não é!? Pois o meu dia de ontem foi assim! De tirar “monge budista” do sério. Alguns o chamariam de um dia de fúria, outros de um dia de cão, eu, por mera precaução, prefiro me limitar a chamá-lo simplesmente de dia “ruim”. Pelo menos assim, consigo colocá-lo na categoria de um dia como qualquer outro, só que com características que exigem da gente um maior preparo psicológico para reagir, adequadamente, aos acontecimentos. 

Acho que isso deve ser muito mais comum do que se possa imaginar. Todo mundo já deve ter experimentado um dia desses, em que se tem a nítida impressão de que todas as más notícias e irritações de toda natureza resolveram se concentrar naquelas, aparementemente, comuns 24 horas. 

dia-de-furia-atireiopaunogato

dia_de_cao_atireiopaunogatoAliás, isso já deu até enredo de filme. Lembro de dois, especialmente que me vêm à

 cabeça imediatamente quando penso em um dia em que a gente se deixa se descontrolar por motivos externos. Um deles, e mais antigo, é o “Dia de cão”, protagonizado pelo craque Al Pacino. O outro, um pouco mais novo, é o “Dia de Fúria”, cujo ator principal foi Michael Douglas. O primeiro filme baseia-se em fatos reais: um homem (Al Pacino) e um cúmplice estão cercados em um banco, com os funcionários como reféns, ao tentarem assaltá-lo. Diga-se de passagem que tudo dava errado para o cara. Em torno do acontecimento, que deveria durar apenas dez minutos, mas acabou durando horas, a mídia torna tudo um evento que tende a não acabar bem, como de fato, é o que acontece. Já o segundo filme retrata a história de um homem desempregado que chega ao seu limite de equilíbrio emocional,  num dia, durante um congestionamento e resolve combater a escória da sociedade ele mesmo. Será um dia inesquecível para William Foster (Michael Douglas) e o detetive que estava para se aposentar, Martin Prendergast (Robert Duvall), que tem a missão de encontrá-lo e capturá-lo na imensa Los Angeles. Para quem gosta de filmes antigos, mas que fazem a gente pensar, eu indico os dois. São os detalhes do psicológico dos personagens que tornam as tramas muito interessantes. 

Bom, voltando ao meu dia, não penso que devo “apagá-lo” completamente de meu calendário, por três razões: 1) porque ao preocupar familiares e amigos, todos vieram ao meu “encontro” estendendo-me a mão, pelo momento visivelmente mais difícil que eu passava. Isso nos mostra, claramente, com quem você pode realmente contar. São sempre os mesmos, é verdade! Mas, é ótimo saber que eles existem; 2) porque a minha corridinha da manhã foi excelente, eu diria, altamente produtiva…rsrs…..; e 3) porque devo tirar caras lições das reações que apresentei, diante das contingências. Acredito que da próxima vez que enteder estar passando por mais um “furacão” parecido com o que passei ontem (e que ainda repercute hoje), terei mais maturidade e não arriscarei tomar decisões, das quais, por certo, me arrependeria pouco tempo depois, como o foi dessa vez. 

Peço desculpas a todos que preocupei e agradeço a todos que se juntaram a mim, em sinal de união. Não posso dizer que nunca mais vou passar por um dia desses, escolhido a dedo, como exemplo de “problema”, mas posso certamente, ter um melhor controle sobre as minhas reações quando isso acontecer novamente.

Conselhos??!!…Não sou muito afeto a aconselhar ninguém, mas se estiver passando por um dia desses, o ideal mesmo, seria você poder suspender toda a sua agenda (profissional e pessoal) e se distanciar (fisicamente mesmo) do local em que está inserida a sua rotina. Lá, isolado ou com poucos e bons amigos, espere a “tempestade” interior, passar. Acredito que assim, a gente consegue estar mais preparado para resolver as questões, depois. Infelizmente, não foi isso que fiz. Mas, se não der pra suspender a agenda e “escapulir” por um dia, amigo, você só tem uma coisa a fazer: coloque a “faca” entre os dentes, calcule friamente todas as consequencias de seus atos, pense em sua família, em seus amigos e na vida que você tem e encare a “fera” desse dia, como se fosse um dia como qualquer outro. Acredite: ele vai terminar! E, quando este dia, ao seu final, virar as costas pra você, não se esqueça, passe a mão na bunda dele!

HSF

A maratona e o preço que se paga

Ninguém fica impune quando se propõe a concretizar, de verdade, uma realização do tipo correr uma maratona ou outra prova qualquer de longa distância e duração. Você (gordinho, completamente sedentário e despreparado) até poderia, cometer a insanidade de se arriscar a participar de uma prova de 5 K, por exemplo. Talvez até, dependendo do histórico anterior de exercícios da pessoa, ela consiga dar uma “enganada” na prova de 10 K.

Mas, quando estamos falando de uma meia-maratona em diante, não tem como. Neste ponto, a gente sai do campo do “querer” e entra no campo do “poder”. Aí, ou o sujeito paga o preço de se preparar com uma antecedência mínima de seis meses (o ideal é um preparo de 1 a 2 anos), se alimentar adequadamente, perder peso, treinar com disciplina, regularizar o seu sono, dormir cedo, acordar cedo, evitar álcool e comidas gordurosas ou o preço que vai pagar depois, poderá ser muito mais caro, do que simplesmente colocar os “bofes” pra fora, antes dos primeiros trinta minutos de corrida. Se ficar só nisso, no “mico”, pode saber que ficou no lucro.

No final do ano passado, resolvi programar a minha volta à prática a corrida, de forma mais sistemática e objetivando um preparo específico para provas de mais longa duração. Após os devidos e aconselháveis exames médicos, comecei 2009 colocando em prática este propósito. Com o acompanhamento permanente de um bom preparador (…que aliás, tá me e$folando…rsrs…), tenho visto enormes progressos na minha performance e visíveis mudanças no corpo. A mais notada, naturalmente, é que a gente “joga fora” aquele peso que só serve para dificultar o máximo de seu VO2 na corrida. A gente acaba secando mesmo!…rs…

Ontem, encontrei um amigo que não via há muito tempo. O cara é um conhecido boêmio, da noite mesmo, super engraçado e que não abre mão daquela “biritinha” (..tô sendo complacente…rs…) acompanhada de aperitivo, todo santo dia, a partir do “rush”, até Deus sabe a hora….É só olhar pra ele que se percebe a vida que ele gosta de levar, de forma consciente, que fique bem esclarecido. Aí ele vira pra mim e fala:

– Rapaz!!!!!!!!!!! O que houve com você? Tá doente? Você secou!!…

– Não, cara. Só voltei a correr. Aí, você sabe né, precisei cortar algumas coisas como bebida, frituras e aquele nosso velho churrasquinho do “rush”….

– Como é que é!? Parou de beber?

– É, pelo menos por enquanto…(falei isso pra não ficar parecendo que eu teria algo contra quem bebe….rs…)

Aí a figura se aproxima de mim e fala baixinho no meu ouvido: “…cuidado, hein!? …A vida é uma só!….”. A gente riu bastante e depois se despediu.

Quando eu voltava pra casa, parado num sinal (farol, pra paulista entender…), aquela frase dele ecoou mais uma vez na minha cabeça. Só que desta vez, não deu branco não, a resposta, em pensamento, saiu de imediato: “é…eu tenho certeza de que a vida é uma só! É por isso mesmo que eu mudei…“.

HSF

Capixaba: muito orgulhoso de sua terra

Moqueca Capixaba
Moqueca Capixaba

Perdi as contas das vezes em que, em pleno horário nobre na rede Globo, a programação era recheada com uma propaganda do Estado da Bahia. Eu, daqui do Espírito Santo, sentadinho na minha poltrona, acabava vendo as “maravilhas” (indiscutíveis, a bem da verdade!!!…) de meu querido Estado vizinho, só porque havia, por parte daquele Governo Estadual, primeiro vontade política e, depois, orçamento, para esbanjar “baianidade” por todos os recantos do país. Resultado: pintou feriado, pra onde a gente vai, hein!? Pra Bahia, é claro! É Salvador, Morro de São Paulo, Prado, Caravelas, Porto Seguro, Cumuruxatiba, Ilhéus e por aí vai….

Olha, a Bahia é mesmo um espetáculo de belezas naturais e de potencial turístico, aliás, acabo de voltar de lá (vou comentar isso em algum outro post…rs…), mas o Espírito Santo, com sua diversidade cultural e típica culinária, não fica, de forma alguma, atrás no que tange ao turismo, incluindo-se uma outra imensa vantagem que é a sua reduzida extensão, o que representa uma efetiva facilidade e economia a mais para o turista que pretenda conhecer as belíssimas praias de nosso Estado, mas também queira ter contato com as nossas montanhas e suas tradicionais culturas descendentes (Itália, Alemanha, Austria, etc…). Riquezas turísticas ímpares, completamente distintas e separadas, muitas vezes, por apenas 30 minutos de carro.

Sempre bati na tecla de que nosso Estado merecia, por seus méritos geográficos e pelo povo acolhedor que tem, uma atenção e um investimento maior na divulgação de suas belezas com vistas ao desejável incremento de seu movimento turístico, hoje, ainda incipiente, pode-se assim dizer…

Não sei quais ações têm sido tomadas no que tange à divulgação atual de nosso Estado por aí afora mas, internamente, o Governo Estadual (Paulo Hartung), através de sua Secretaria Estadual de Turismo (SETUR), teve a oportuna e louvável iniciativa de produzir uma peça publicitária de ótimo gosto e inigualável qualidade, só para divulgar o nosso Estado para o próprio capixaba que, a considerar pelos apelos e assédios vizinhos, acabava por esquecer de fazer turismo na sua própria terra.

Agora, fico todo “bobo” quando vejo, no intervalo do Jornal Nacional, entrar a peça denominada “Aviso aos viajantes: descubra o Espírito Santo“. Tenho certeza de que, com isso, muita gente vai passar a redividir o seu orçamento familiar destinado às viagens, reservando um pedacinho para as nossas maravilhas, tais como: Vitória, Vila Velha, Serra, Guarapari, Marataízes, Anchieta, Nova Almeida, Santa Teresa, Domingos Martins, Pedra Azul, Itaúnas, Linhares e tantos outros pontos que fazem deste Estado um dos mais bonitos do Brasil.

A propósito, ainda que já seja óbvio, o capixaba a que se refere o título deste post sou eu mesmo!

HSF

OBS: Adoro Moqueca. Sabe por que eu não falei “moqueca capixaba“? Por que seria a mais absoluta redundância….rsss…..Se é “moqueca, só pode ser capixaba porque o resto é peixada”, plagiando e homenageando o autor desta importante observação, Cacau Monjardim. (Nada contra o dendê e o leite de côco, mas aquilo pesa tanto na barriga que, ao invés de sobremesa, você só consegue pensar em uma rede para se recuperar…)