Isso aqui é a vida real?

O video mais visto da semana, no Youtube, segundo a revista Época foi o do garotinho retornando do dentista, com o pai, ainda sob os efeitos dos sedativos e anestésicos. Completamente zureta, ele pergunta se aquilo que ele estava vivendo era a vida real!? O video é , sem dúvida, engraçado e, por isso, merece a sua reprodução aqui. Mas, mais engraçado ainda é a imediata identificação que tive com ele. Em momentos muito difíceis ou muito agradáveis de minha vida, já me peguei fazendo a mesma pergunta: “isso é a vida real? Está realmente acontecendo?”.

Sinais exteriores de pobreza

Tenho convivido ao longo dos últimos anos com o termo “sinais exteriores de riqueza”. A própria Receita Federal do Brasil (RFB) se utiliza deste termo para justificar a escolha de um determinado contribuinte para uma conversa, digamos, mais íntima ou mais invasiva (rss…). É a famigerada “malha”, amigo! Pensa-se, por óbvio, assim: se o indivíduo ostenta um iate de R$ 5 milhões e anda pra cima e pra baixo de Maserati, é de se presumir que ele tenha renda lícita e declarada que suporte a manutenção mínima destes brinquedos. Em princípio, é isso que se quer investigar…

Mas, curiosamente, coleciono certos fenômenos observados no meu daytona_goldcotidiano que dizem respeito, também à ostentação, só que, às avessas. Certa vez, encontrei o motoboy da empresa usando um relógio dourado muito diferente. Aquilo me chamou tanto a atenção, que resolvi dar uma investigada, de leve. Aí travou-se o seguinte diálogo:

– Bom dia, Rogério! Tudo bom?

– Tudo, doutor. Na luta, né?!

– É, isso aí. Bonito esse relógio que você tá usando, hein!?

– Gostou, doutor?! Obrigado…

– Rogério, você sabe como é o nome deste relógio?!

– Sei não senhor. Tem nome, é!? hahaha….

– Chama-se Rolex Daytona Gold. Este “gold” quer dizer ouro…sabia?!…

– Hummmm…irado.

– E, Rogério, você tem idéia de quanto custa um relógio desse?! Continuar lendo Sinais exteriores de pobreza

Mulher e cerveja: ícones nacionais

womanandbeer1Hoje eu via o jornal da record e morri de rir com o comentário, aparentemente despretensioso, de um popular entrevistado, na porta de uma lotérica. A matéria tratava das mudanças que acontecerão nas loterias do país, teoricamente, com aumento de chances para quem aposta e, certamente, aumento de arrecadação para o Estado.

Então a jornalista se reportava ao prêmio acumulado de R$ 60 milhões, desta semana. Ao abordar o apostador, ela pergunta: “se o senhor ganhar todo esse dinheiro, o que vai fazer?...”. Pôxa, dava pra ver que se tratava de pessoa humilde, provavelmente, um trabalhador assalariado, um heróico sobrevivente de um salário mínimo. Um sujeito que só teria possibilidade de acumular tal cifra se ficasse sem gastar um mísero real durante, pelo menos, uns 12.ooo anos…

Cheguei a ter pena do pobre e meu lado mais sentimental e humano, em uma fração de segundo, começou logo a viajar na possível resposta daquele brasileiro (que não desiste nunca). Pensei, o cara vai dizer: “…se eu ganhar, bom se eu ganhar…, primeiro vou terminar de construir a casinha da mamãe, depois vou concruir (sic) o ensino fundamental para tentar ver se arrumo um empreguinho mió (sic), depois ajudar o resto da família que mora no Piauí….depois…..“, OPA! Tomei um susto! Minha divagação burguesa foi abruptamente interrompida pela inesperada e maravilhosa resposta daquele cidadão. Com a cara mais deslavada do mundo, ele responde o que significaria para ele ganhar aquela grana: “mulher e cerveja!…“.

Sensacional! Mas, não é que o sacana tem razão?! Gosto não se discute mas, mulher e cerveja, definitivamente, são ótimos! São verdadeiros ícones nacionais. Acho que é uma combinação tão perfeita para expressar momentos de felicidade do bicho-homem que deve se tratar de um fenômeno mundial, manifestado na maioria dos povos civilizados desde a criação da bebida. Imagens e estatuetas muito antigas da Mesopotâmia e do Egito, dão conta de que “mulher e cerveja” têm feito a cabeça dos homens há muitos séculos antes de Cristo. Não é em vão que de cada dez propagandas de cerveja, nove tem mulher envolvida! Os magos da publicidade já haviam percebido o poder de persuasão dessa cafajeste, machista mas, adorável associação.

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Quero crer que, no ínício, a mulher concentrava toda a atenção do macho. Mas, foi só o homem primitivo, há mais de 10.000 anos, conhecer o fenômeno da fermentação, para isso mudar. As bebidas alcoólicas, em especial a cerveja, passaram a ser produzidas e a encantar seus apreciadores. Em pouco tempo, mulher e cerveja, cada qual com o seu encanto, passaram a habitar o imaginário masculino, até os nossos dias.

Voltando ao nosso personagem da semana, desobrigo-me de fazer juízo de valor quanto ao seu desejo e, por isso, fico na torcida para que ele acerte a sorte grande e possa torrar a respeitável bolada, exatamente como disse que faria, ou seja, com mulher e cerveja. Tenho certeza de que se ele conseguir usar, para ambas, da devida e esperada moderação, quem sabe ainda possa sobrar alguns parcos recursos para o “puxadinho” da mãe e para a parentada, lá do Piauí?!…

HSF