A corrida é um antidepressivo poderoso

Entrevista de Drauzio Varella para a Revista CLAUDIA (Atualizado em 22/06/2015)

“A corrida é um antidepressivo poderoso”

O médico Drauzio Varella escolheu a corrida como impulso para ter disposição para tocar seus múltiplos projetos. Maratonista há 22 anos, ele lança agora um livro contando sua experiência nas pistas e ruas.

Por Luara Calvi Anic

 

Dr. Drauzio Varella

 

Certo dia, o médico paulistano Drauzio Varella cruzou com um conhecido de colégio que não via havia muito tempo. Daquela conversa arrastada, um comentário do amigo o marcou: “Ano que vem, 50 – idade em que tem início a decadência do homem”. Drauzio, que completaria meio século de vida no ano seguinte, ficou intrigado. Afinal, sentia-se bem, corria ocasionalmente e estava sem fumar fazia 13 anos. E, principalmente, ainda tinha muitos projetos e desejos a realizar. Resolveu, então, propor um desafio a si mesmo: correria a Maratona de Nova York dali a um ano. E começou a treinar. Hoje, aos 72, o médico é um maratonista com currículo invejável e já viajou o mundo atrás de provas de 42 quilômetros: esteve nas de Buenos Aires (Argentina), Boston e Chicago (Estados Unidos), Berlim (Alemanha) e Tóquio (Japão), entre outras. Autor de livros como Estação Carandiru, que lhe rendeu o Prêmio Jabuti de Não Ficção, acaba de lançar Correr (Companhia das Letras, 29,90 reais), em que oferece informações médicas sobre a corrida e relata sua experiência com a atividade. Com franqueza, no livro admite que não é nada fácil deixar a preguiça de lado para praticar esportes e reafirma a necessidade de uma mudança de hábitos para que possamos desfrutar bem a vida e envelhecer com saúde. “Envelhecimento não tem que ser igual a doença. Um dia todos vamos ficar doentes e morrer, mas isso não precisa acontecer aos 40 anos, nem aos 50”, diz. Equilibrando na agenda as obrigações como médico, escritor, voluntário em presídio, pesquisador, celebridade na TV e, claro, maratonista, Drauzio arrumou um tempo para conceder esta entrevista exclusiva a CLAUDIA, que aconteceu em um sábado, às 8h30 da manhã.

O senhor já correu hoje?

Não. Machuquei o pé na maratona de Boston, em abril. Não posso correr ainda por mais algumas semanas, mas enquanto isso subo os 14 andares da escadaria do meu prédio até o meu apartamento.

Isso não faz mal aos joelhos?

Subo pela escada e desço pelo elevador justamente para não forçá-los. Depois, subo de novo. É um exercício maravilhoso.

Os joelhos são um alvo fácil quando ouvimos críticas à prática de corrida. Correr realmente os destrói?

Isso é um mito. Se você está obeso, não faz exercício há anos e se põe a correr, é lógico que vai fazer mal. Geralmente são essas pessoas que têm os maiores problemas com a prática – inclusive nos joelhos. Pesquisas mostram que as cirurgias nessa parte do corpo e nos quadris são muito mais comuns em quem anda do que em corredores. E isso acontece por várias razões. Uma delas é que, embora na corrida cada passada aumente o peso do corpo em duas a três vezes, você fica com o pé muito menos tempo no chão, então o impacto dura pouco. Além disso, esse movimento de estica e volta acaba por fortalecer as articulações. É parecido com o que acontece com o músculo que, conforme contrai e descontrai, cresce e fica mais forte.

Uma pessoa que está acima do peso precisa emagrecer antes de começar a correr?

Depende muito de quanto acima do peso ela está. Com poucos quilos a mais, ela pode começar devagar, tomando cuidado. O problema é quando ela está completamente despreparada e sai correndo de uma vez. Eu sempre recomendo o bom senso para os pacientes. Todo mundo pode correr, depende de como faz isso. Uma estratégia inteligente é começar andando e ir testando: correr 100 metros e continuar na caminhada; quando se sentir melhor, corre mais 200, e assim vai.

Pesquisas mostram que no treinamento para as maratonas os corredores têm melhoras na saúde, mas que os riscos de morte aumentam durante a prova, quando o atleta força demais o corpo.

Concorda que participar desse tipo de competição pode fazer o atleta perder a noção do limite?

É muito pequeno o número de mortes em maratonas. Mas é verdade que você perde um pouco a noção. O Vanderlei Cordeiro de Lima, aquele atleta brasileiro que foi agarrado na Maratona de Atenas, diz que nós, maratonistas, temos maior resistência à dor que as outras pessoas. É verdade. Normalmente, quando sente uma dor você para, toma cuidado. Já no calor da maratona é muito difícil parar porque você fica naquele ânimo. E foi até lá pra correr, não para andar.

Participar de maratonas é saudável?

Do ponto de vista da saúde, não há nenhuma necessidade de correr 42 quilômetros. É uma onda em que alguns entram. No meu caso, não faço isso porque acho que é ótimo. Nem sei se é tão bom assim para o corpo. Eu faço porque me impõe a disciplina de treinar. Trabalho muito e, se não tenho a obrigação de acordar e correr essa distância toda, fica difícil levantar às 5 horas da manhã, vestir um calção e sair correndo. Isso não é natural do homem.

O CORPO HUMANO NÃO FOI FEITO PARA FICAR PARADO. A EVOLUÇÃO NOS PREPAROU PARA O MOVIMENTO.

Assim como não é natural desperdiçar energia.

Sim. Por isso que é muito duro conseguir praticar uma atividade física regular. Você imagina um homem das cavernas levantando de manhã para sair correndo à toa? Só se fosse para ir atrás de caça, fugir de um predador. Caso contrário, ele ficava parado, quieto, economizando energia. Não havia alimentos suficientes disponíveis para manter um corpo com esse gasto energético inútil.

O senhor escreve que corre na rua, no centro de São Paulo. Perde quem treina em academia?

Quem corre em esteira está fazendo um exercício excelente da mesma forma. Eu gosto de andar na rua. Nasci no Brás (região central de São Paulo), fui criado correndo pelo bairro. Esse é o momento do dia em que eu tenho silêncio. Não uso fone de ouvido durante a prática. Na academia, a música fica tocando alto. Para mim, não é legal, não me descansa. Mas tem gente que está acostumado. Exercício você tem que fazer do jeito que dá, que consegue e que gosta – porque, se já é difícil manter a disciplina e fazer com regularidade gostando, imagine sem gostar.

E o corpo não vai lhe pedir para levantar da cama, não é mesmo?

Pelo contrário. Temos mil razões para ter uma vida sedentária, e é por isso que a maioria da população não pratica esportes. Mas não dá para aceitar isso. A vida sedentária faz muito mal, não fomos feitos para ficar parados. O corpo humano é como uma máquina que foi desenhada para o movimento. Do contrário, você vai lamentar.

Muitos adultos têm problemas de saúde que poderiam ser evitados com a prática de esportes?

Sim. As pessoas são sedentárias, engordam, têm pressão alta. Metade dos brasileiros acima dos 50 anos é hipertensa, precisa de remédio para controlar a pressão. O número de diabéticos aumenta sem parar, é assustador. A vida vai ficando complicada. O ser humano até 25, 30 anos vai bem. Mas, se quer ter uma vida plena, precisa de mais cuidado. A natureza não planejou o homem para viver o tanto que nós vivemos hoje em dia. As pessoas morriam com 20 ou 30 anos, isso era o normal. Queremos durar o máximo possível sem investir nada, achando que o corpo é um presente de Deus e que podemos usar e abusar dele do jeito que acharmos melhor. Não é verdade.

O que mudou na sua vida depois que começou a correr?

Em primeiro lugar, ganhei mais disciplina. Quando comecei a treinar para maratonas, tive que estabelecer uma rotina. Do contrário, não conseguiria acordar cedo para me exercitar. Depois, o fato de propor e alcançar uma meta difícil, seja ela qual for, traz uma sensação de autoconfiança muito grande.

A CORRIDA É UM ANTIDEPRESSIVO PODEROSO. TRAZ A SENSAÇÃO DE QUE VOCÊ É CAPAZ DE RESOLVER QUALQUER COISA.

O senhor virou maratonista aos 50 anos, quando muita gente já está desacelerando. Faz diferença?

Comecei atrasado (risos). Mas isso me deu um entendimento mais claro do processo de envelhecimento. Ensinou-me a não levar em conta a idade cronológica. E isso vale não só para a corrida mas para outros desafios na vida também. Quando me proponho um trabalho ou uma tarefa, avalio se tenho condição física de realizá-los, se tenho disposição e se aquilo me interessa. Jamais penso se estou velho demais. Nossa tendência é considerar que por causa da passagem dos anos perdemos a condição de fazer certas coisas. E isso independe da idade: há quem tenha essa sensação aos 80, outros aos 40 anos. Assim, parece que a fase mais produtiva da vida, justamente quando você podia aceitar mais desafios, já passou.

O senhor pensa em parar de correr?

Não. Mas sei que uma hora vai ser impossível continuar. Acho que, enquanto eu tiver força, condições, disciplina e saúde, vou correr porque virou uma coisa muito importante para mim. Não só por saber que cheguei a essa idade sem tomar um remédio, com a saúde ótima, mas também do ponto de vista psicológico. Sou muito agitado e ansioso, quero fazer tudo logo e, quando fico uns dias sem treinar, pioro. A corrida é um antidepressivo poderoso. O corpo libera substâncias químicas que agem no sistema nervoso central e, além do prazer, provocam aquele relaxamento típico do exercício. Você toma um banho e sai com a sensação de que é capaz de resolver qualquer problema. Dá uma autoconfiança muito grande. No dia em que eu não puder fazer isso, vou sentir muita falta.

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Lições de ídolo

Uma de minhas boas lembranças da infância era a de meu pai, no café da manhã, vestido com um impecável terno, dividindo sua atenção entre o pão com manteiga e a sagrada leitura do jornal, enquanto mexia de forma ritimada, o seu café com leite. Lembro da segurança e da tranquilidade que aquela imagem me passava. Parecia que tudo acontecia em câmera lenta. Enquanto via a cena, era impossível deixar de pensar: quero ser igual a ele.

Não sei quantas vezes, ao longo de minha vida, me vi agindo como meu pai. Não posso afirmar, exatamente, qual grau de influência a sua figura exerceu sobre as minhas escolhas, mas reconheço a enorme importância de termos alguém em quem nos espelhar, dentro ou fora de casa.

No esporte, esta premissa parece óbvia demais. Uma juventude sem ídolos, não consegue ser impulsionada por exemplos e, assim, tem poucas chances de gerar bons frutos, ou seja, craques que venham a se tornar novos ídolos, no futuro.

E foi sob a admiração de seus mais inesquecíveis ídolos que o esporte brasileiro ganhou destaque no cenário mundial. Fico pensando o bem que Pelé, Zico, Ayrton Senna, Oscar, Guga e tantos outros fizeram ao imaginário de inúmeras crianças que tiveram a felicidade de optar pelo esporte, a trilhar pelo amargo caminho das ruas, tudo por conta do amor que tinham por seus ídolos.

No âmbito profissional, não é diferente! Foram muitos os profissionais que figuraram em minha lista de exemplos a seguir. Tanto no aspecto técnico, ético e humano, tive a felicidade de conhecer e conviver com muitos daqueles que hoje, sem dúvida, considero meus ídolos da profissão.

Na área contábil, o maior deles foi Antônio Lopes de Sá. Um gênio das ciências contábeis e da humildade, que lia meus artigos e dizia: “…Parabéns! Você tem muito talento. Continue assim mas, antes, vamos rever alguns conceitos…”. E aí ele, ao seu jeito, sugeria mudanças no meu texto, de uma maneira tão peculiar que, mesmo sendo corrigido, me fazia ficar feliz da vida!…

Certa vez, no início de minha carreira, conheci Elmo Lopes da Cunha. Respeitado contador e advogado que gostava muito de ajudar os colegas, dando a sua interpretação da lei, pela facilidade maior que tinha com a hermenêutica. Ele era “perseguido” e admirado por todos. Pensei: “…preciso colar nele. Quero ser assim também…”. E, depois, ainda vieram Itamar Silva, José de Lima e tantos outros que dividiram comigo sua experiência e sua amizade.

No direito, também foram muitos os meus exemplos. Lembro do inesquecível Milton Murad que, com sua tenacidade e perspicácia, dava respostas inimagináveis aos problemas que a ele eram apresentados. Também aprendi muito com Oswaldo Bergi. Figura simples e carismática, de jeito manso e que ensinava com exemplos. Mais tarde, veio a se transformar em sinônimo de “direito tributário”, especialidade com a qual até hoje, ganho a vida.

Posso dizer, sem medo de errar, que o sucesso profissional de uma pessoa que não possua ídolos, é muito mais difícil. Da mesma forma, em uma visão mais ampla, reside aí a grave crise de identidade que hoje vive o Brasil. Afinal, não se pode esperar muito do desenvolvimento social e humano de um cidadão que não teve bons exemplos a seguir nem de seus familiares e, muito menos, de seus governantes.

Mas, voltando ao profissional, por ironia da vida, muitos anos depois, acabei sendo agraciado com as Comendas “Elmo Lopes da Cunha” e “Itamar Silva”, as mais altas honrarias capixabas que um profissional da contabilidade poderia desejar. Aqueles que foram meus ídolos e amigos do passado, se eternizaram na estante de meu escritório, como reconhecimento pelo trabalho à classe.

Hoje, quando alguém me pergunta o que deve fazer para ter sucesso profissional, eu nem hesito e vou logo dizendo: primeiro, trate de arrumar alguns bons exemplos para ter em quem se espelhar e, depois, leve muito a sério os estudos.

O exemplo ainda é a melhor forma de ensinar e de formar uma pessoa. Ainda tenho muito a aprender e ídolos a seguir. Mas, pelo que a vida já me deu, sou grato a todos que, direta ou indiretamente, me influenciaram para que eu chegasse até aqui. Em especial, ao meu pai que, mesmo sem nunca ter tido a oportunidade de ver o que fez por mim, deixou a sua marca indelével na essência de tudo que faço.

 

* Haroldo Santos Filho é advogado e contador.

** Artigo de opinião publicado na Revista “EKLÉTICA”, ano I, Nº 1, MAIO 2015 – Coluna “Atirei o pau no gato”.

(revistaekletica@gmail.com)

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A ansiedade das ruas

(Por Evandro Milet)

Quem assistiu Lincoln, filme que deu a Daniel Day-Lewis o Oscar de melhor ator em 2013, viu a cena onde o Presidente aceita comprar o voto de parlamentares para aprovar a 13ª emenda que aboliu a escravatura. Da mesma forma, as cenas de filmes de Al Capone na década de 1930 apresentam o ambiente corrupto envolvendo sindicatos, polícia e políticos. Aos poucos a sociedade norte-americana foi construindo barreiras a estes procedimentos e hoje a SEC e a justiça americana policiam corrupção no mundo, forçam bancos suíços a abrirem mão do sigilo das contas secretas e derrubam dirigentes da FIFA. Mesmo assim furos permanecem no sistema, seja na esquisita votação de Bush na Florida vencendo Al Gore ou na colocação em 17º lugar no ranking de corrupção da Transparência Internacional em 2014.(Brasil em 69º).

Esses exemplos servem para mostrar que os problemas brasileiros também não vão se resolver de uma hora para a outra. Até a década de 1960, pelo menos, a entrada no serviço público era por pistolão(há quanto tempo você não ouve essa palavra?). A partir da constituição de 1988 as brechas foram fechadas e os concursos públicos proliferaram sem grandes notícias de maracutaias. Antigamente os processos licitatórios eram bem frouxos. Empresas eram escolhidas sabe-se lá como. Hoje você pode reclamar de armações em licitações mas, sem dúvida, está muito mais difícil. Talvez a sensação de quantidade maior de corrupção tenha a ver com o tamanho do bolo que circula na economia brasileira, na liberdade de imprensa, na atuação do Ministério Público e da Polícia Federal, e na estrutura inédita organizada para financiar partidos políticos.

Quem viveu as crises políticas do século XX, o golpismo latente, a ameaça e depois a intervenção militar e as instituições frágeis percebe uma mudança para melhor apesar das reclamações. Mesmo a lembrança nostálgica de políticos gabaritados, debates relevantes e um Congresso de mais alto nível se explica porque antigamente apenas a elite era eleita. O Congresso era ocupado por advogados, médicos, economistas, engenheiros e empresários. Hoje a sociedade se pluralizou e elege sindicalistas, jogadores de futebol, artistas, pastores, radialistas e funcionários públicos. E é bom que seja assim. O Congresso acaba sendo a cara do país e vai melhorar à medida que o país melhore.

Tudo bem que as coisas poderiam ser mais rápidas, mas não existem atalhos. Os avanços vão continuar com mais educação, mais informação e mais eleição (e mais prisão). E boca no trombone.

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Sobre a arte de escrever

 (por Paulo Coelho)

“Há dois tipos de escritores: aqueles que fazem você pensar e aqueles que fazem você sonhar”, diz Brian Aldiss, que me fez sonhar por um longo tempo com seus livros de ficção científica. Por princípio, eu acredito que cada ser humano neste planeta tem pelo menos uma boa história para contar aos próximos. O que se segue são as minhas reflexões sobre alguns itens importantes no processo de criação de um texto:

Acima de tudo, o escritor tem que ser um bom leitor. Aquele que se aferra aos livros acadêmicos e não lê o que outros escrevem (e aqui eu não estou falando apenas de livros, mas também blogs, colunas de jornal e assim por diante) jamais irá conhecer suas próprias qualidades e defeitos.

Então, antes de começar qualquer coisa, procure pessoas que estão interessadas em partilhar a sua experiência através de palavras. Eu não estou dizendo: “busque outros escritores”. O que estou dizendo é: encontre pessoas com diferentes habilidades, porque escrever não é diferente de qualquer outra atividade que é feita com entusiasmo.

Seus aliados não serão necessariamente aquelas pessoas que todos olham, se deslumbram, e afirmam: “não há ninguém melhor”. É muito pelo contrário: são as pessoas que não têm medo de cometer erros, e ainda assim eles cometem erros. É por isso que o seu trabalho nem sempre é reconhecido. Mas esse é o tipo de pessoa que muda o mundo, e depois de muitos erros elas conseguem acertar algo que fará toda a diferença em sua comunidade.

Estas são pessoas que não conseguem ficar esperando que as coisas aconteçam antes de decidir qual a melhor maneira de narrá-las: elas decidem enquanto agem, mesmo sabendo que isso pode ser muito arriscado.

Conviver com estas pessoas é importante para escritores, porque eles precisam entender que, antes de colocar qualquer coisa no papel, eles devem ter liberdade suficiente para mudar de direção conforme sua imaginação vagueia. Quando uma sentença chega ao fim, o escritor deve dizer a si mesmo: “enquanto eu estava escrevendo eu percorri um longo caminho. Agora termino este parágrafo com a consciência de que arrisquei o bastante e dei o melhor de mim mesmo.”

Os melhores aliados são aqueles que não pensam como os outros. É por isso que, enquanto você estiver procurando seus companheiros, confie em sua intuição e não dê qualquer atenção para os comentários alheios. As pessoas sempre julgam os outros tendo como modelo suas próprias limitações – e às vezes a opinião da comunidade é cheia de preconceitos e medos.

Junte-se aos que jamais disseram: “acabou, eu tenho que parar por aqui”. Porque assim como o inverno é seguido pela primavera, nada chega ao fim: depois de atingir seu objetivo, você tem que começar de novo, sempre usando tudo que aprendeu no caminho.

Junte-se aos que cantam, contam histórias, aproveitam a vida e têm a felicidade em seus olhos. Porque a alegria é contagiosa, e sempre consegue impedir que as pessoas se deixem paralisar pela depressão, solidão e problemas.

E conte a sua história, mesmo que seja apenas para a sua família ler.

DICAS SOBRE ESCREVER

Sobre Segurança Você não pode vender o seu próximo livro menosprezando o seu livro que acabou de ser publicado. Seja orgulhoso do que você tem.

Sobre Confiança Confie no seu leitor, não tente descrever coisas. Dê uma dica e eles vão preencher com sua própria imaginação.

Sobre Experiência Você não pode tirar algo do nada. Ao escrever um livro, use sua experiência.

Sobre Críticos Alguns escritores querem agradar seus pares, eles querem ser “reconhecidos”. Isso mostra insegurança e nada mais, por favor esqueça isso. Você deve se importar em partilhar a sua alma e não agradar a outros escritores.

Sobre Anotações Se você deseja capturar idéias, você está perdido. Você estará desconectado das emoções e se esquecerá de viver a sua vida. Você vai ser um observador e não um ser humano vivendo a sua vida. Esqueça de fazer anotações. O que é importante fica, o que não é importante vai embora.

Sobre Pesquisa Se você sobrecarregar o seu livro com um monte de pesquisa, vai ser muito chato para você e para o seu leitor. Livros não estão aí para mostrar como você é inteligente. Livros estão aí para mostrar a sua alma.

Sobre Escrita Eu escrevo o livro que quer ser escrito. Atrás da primeira frase tem uma corda que leva você até a última.

Sobre Estilo Não tente inovar as narrativas, conte uma boa história e será mágico. Eu vejo pessoas tentando trabalhar tanto no estilo, encontrar diferentes maneiras de dizer a mesma coisa. É como a moda. O estilo é o vestido, mas o vestido não dita o que está dentro do vestido.

(traduçao de Danilo Leonardi – o texto original foi publicado em inglês na TIME )

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