Criança profissional

Quando criança, sempre fui levado. Sou do tempo em que, costumeiramente, se associava travessura ingênua, educada e infantil com inteligência e saúde. Certo ou não, sei que notas acima da média e uma razoável dose de indisciplina me credenciaram a ter a “sorte” de poder ter sido classificado como “bom aluno”.

Mas, por conta da agitada personalidade, no colégio Sacre-Coeur, de onde saí somente para fazer o pré-vestibular, visitei inúmeras vezes a sala da diretora, como forma de ser punido pelo comportamento menos ortodoxo, mas, veladamente, aguardado por todos.

Não que se devesse premiar a inquietude natural de uma criança, mas, reconhecer que é nesta fase de desenvolvimento que os limites são testados, alguns riscos são enfrentados e, inevitavelmente, é quando são conhecidas as reais consequências das decisões tomadas. Limites devem ser impostos, sem dúvida, mas alguns enfrentamentos fazem parte da lapidação do caráter de uma pessoa e, por isso, não devem ser ignorados.

Hoje, as coisas me parecem muito diferentes. Não falo de construtivismo piagetiano, de educação holística, tradicional, da teoria das inteligências múltiplas ou da teoria pedagógica das competências e habilidades, por mera falta de conhecimento. Limito-me a perceber que, a despeito de inúmeros avanços observados no campo do ensino, uma característica muito preocupante se sobressai: a criança tem se “profissionalizado” a cada dia. É como se estivessem deixando de ser “criança”, para serem “adultos em miniatura”.

Mas, mesmo assim, se você quiser se desincumbir da responsabilidade de pensar na educação de seu filho (como eu fiz), basta matriculá-lo no que houver de mais reconhecido como “excelência” em matéria de ensino. Para tanto, por uma bagatela anual de R$ 30 mil, seu filho vai estudar das 8 às 19 horas, aprender 3 línguas além do português, vai fazer um esporte, estudar música, artes plásticas, artes cênicas, pensar em mercado de trabalho, bolsa de valores, sem prejuízo ao tradicional programa do ensino fundamental. E, tudo isso sem ainda ter chegado à puberdade. Depois de uma longa jornada, resta dormir e se preparar para o dia seguinte, igualmente exigido.

Para um futuro cidadão que precisará competir para conseguir espaço no disputado mercado profissional, estou certo de que tais características de ensino devam encontrar ótima serventia. Mas, e quanto à pessoa?! Até que ponto vale o esforço e a pesada supressão de sua infância? E, quanto aos rigores no trato comportamental que mais se parecem com caricatas rotinas de quartel? E o que mais pesa em minha consciência é que apesar destas dúvidas, ainda me sinto muito confortável em saber que fiz esta conveniente escolha. Egoísmo de minha parte?! Ou seria só ignorância!?…

Ontem, meu filho, constrangido, me entregou um documento que deveria ser assinado por mim e devolvido por ele, à escola. Tratava-se de uma espécie de advertência, se bem pude entender nas más escritas linhas. Informava que o garoto havia se envolvido, pasmem, “em situação de transgressão do(sic) educacional”(!!!). O documento é finalizado solicitando que os pais continuem as orientações em casa porque, caso contrário, em recorrência, “outras medidas” seriam tomadas contra o aluno.

Devo dizer que, sem pestanejar, fiz a lição de casa sugerida pela caríssima pedagogia. Assinei o documento e o repreendi pelo fato reportado, muito embora, pela sua própria explicação, o ocorrido não teria passado de mera fatalidade. O que no direito chamamos de culpa, sem a intenção (dolo). Pode ser, mas, sabe como é criança, não é?! Pelo sim, pelo não, dei crédito à instituição de ensino e pedi a ele que atentasse para que o lamentável episódio não mais se repetisse.

O medo de pecar pela danosa superproteção do filho, em mim, foi maior do que o de ter sido injusto. Fiquei pensativo sobre isso e me perguntando se teria agido corretamente. Até que tocou o telefone e antes mesmo de eu atender o cliente, não resisti à tentação e racionalizei: “…afinal, o que é que eu entendo de ensino? Ainda mais sabendo que pelos padrões desta escola eu mesmo deixaria de ser o agradável “bom aluno” que fui, passando a ser um desprezível “transgressor”. Eles devem saber o que fazem...”.

Pois, assim espero!

HSF

Inexorável “melhor idade” (#melhoridade)

A gente não se dá conta de que está envelhecendo até que as primeiras “limitações” físicas, surgidas por conta da “melhor idade”, comecem a dar sinais de vida.

Na verdade, é a inexorabilidade que nos arremessa contra uma parede branca, com os dizeres: “Aproveite enquanto pode, meu velho, a sua existência material é finita!“. Quando a pancada é bem dada, a gente acredita logo, é começa a viver a vida de outro jeito. Caso contrário, se continua a perder tempo com bobagens…

Convenhamos, ninguém que esteja livre de interdição pode gostar de envelhecer. Mas, mesmo assim, um dia desses eu estava tentando elencar as vantagens de se ficar mais velho, ou melhor, de começar a sentir dores no corpo que nunca imaginou existir, de levantar para fazer fazer xixi umas 5 vezes toda noite, de ver a memória começando a falhar, de se acalmar sexualmente *, isso para ficar com poucos bons exemplos…rsrs

Depois de muito pensar, cheguei à primeira e, para mim, mais importante vantagem de caminhar para a melhor idade: é que a outra alternativa é muito pior, né?! Ou você envelhece ou…

Empolgado com a descoberta, parti logo para a segunda vantagem quando fui interrompido por uma música que tocava no rádio, “a vida tem dessas coisas“, cantada pelo Ritchie. Parei tudo e só curti. Foram 4 minutos de muitas e boas lembranças. Memórias vivas que só poderiam ocorrer em quem já tivesse vivenciado alguma história de vida.

Caiu a minha ficha. Claro! A outra grande vantagem de se envelhecer é o significado amplificado que passam a ter as coisas. Até o “ouvir” uma música pode se transformar em uma experiência fabulosa como, de fato, foi. E a coincidência de tocar Ritchie não poderia ter sido mais adequada, pois ao relançar seus antigos sucessos, o cara se redescobriu, ficou novo em folha, exatamente, como todos deveríamos fazer, de tempos em tempos.

Então, se você já tem seus “quarentinha” ou mais, aproveite a música ou qualquer situação que lhe traga a tona bons e significativos sentimentos. Depois, renove-se para os seus novos desafios. É isso que vai mantê-lo vivo!

Mas, se você ainda não tiver chegado lá, fique tranquilo. Não apresse nada porque quando você menos esperar, sem que ninguém entenda o motivo, também estará se emocionando com as deliciosas trivialidades do cotidiano. Quando isso acontecer, seja bem vindo ao clube!

* que fique claro: não é o meu caso (ainda!).

HSF

Video 1: “A vida tem dessas coisas” (Ritchie)

Video 2: “Menina veneno” (Ritchie)

Eu sobrevivi a Auschwitz…

Teve gente que se indignou com a idéia, mas não adiantou muito. A artista plástica australiana Jane Korman, judia, criou um video chamado “dancing Auschwitz” e o disponibilizou na internet, causando o maior rebuliço na mídia .

A produção é interessante porque, de forma simples e objetiva, tenta desmistificar o terrível holocausto ocorrido na segunda guerra mundial. Fazem parte do video a própria Jane, juntamente com o personagem principal, seu avô, Adolek Kohn (89 anos), sobrevivente dos campos de concentração nazistas, que também contracena com mais três netos.

Eu já tinha visto esta música da Gloria Gaynor (I will survive) em aplicações bem mais despretensiosas que esta mas, confesso que também gostei muito desta sacada. Embora a gente sempre queira apagar da memória este deplorável episódio da história recente da humanidade, não deixa de ser uma visão diferente do acontecido.

Na minha opinião não se trata de desrespeito, como alguns entenderam. Liberdade poética de quem viveu aquele momento, talvez…

PS: É bom aproveitarem antes que tirem do ar….a autora do video não deve ter pago direitos autorais pelo uso da música….rsrs…

PS1: Já tiraram do ar….(rsrs)! Agora, resta a versão sem a música da Gloria Gaynor…

HSF

Na próxima copa o Brasil terá reforço do além

Podia ser exagero (tomara), mas estava tendo um mau pressentimento quanto à realização da próxima copa aqui no Brasil, em 2014.

As autoridades parecem não estar falando a mesma língua e os estádios (palco do show), no mínimo, clamam por reformas. Sem contar que São Paulo, nossa maior cidade, está longe de se credenciar para a abertura do evento por não ter estrutura….feia a coisa…..

Não bastasse tudo isso, ainda me lançam uma logomarca estranhíssima. Poderia simplesmente dizer que não gostei, mas do alto de minha qualificação tacanha de “designer”, resolvi analisá-la  “tecnicamente”.

No início de minha isenta e competente avaliação, pude dizer que o desenho era simplório (rs).  O traço característico mais parecia feito por uma criança. Mas, continuei analisando… ainda havia uma descoberta a ser feita….

Até que acabei compreendendo. É o Chico Xavier, pô!! Claro!! Podem olhar… Fizeram uma logo que é a cara do Chico psicografando, pra ver se conseguimos atrair bons fluidos em 2014.

Agora sim! Não vai ter pra ninguém. Mick Jagger não, podem mandar os Rollings Stones todos, pois nós vamos estar com o corpo fechado para estas mandingas.

Parece até que já estou vendo o nosso ataque dos sonhos: Neymar, Ganso e Chico Xavier! O hexa não escapa…

HSF