Amarelei na Garoto

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A festa da 20ª Dez milhas Garoto foi muito bonita, como sempre! Lindos cenários e velhos amigos reencontrados no meio daquela multidão de corredores. Sob este ponto de vista, foi uma prova ótima.

Quanto à minha performance, bom, se eu não puder evitar o assunto, devo dizer que eu fiquei da cor do plástico que embrulha o bombom mais famoso da fábrica que dá nome à prova (sereta de amor): amarelinho, amarelinho….rs…

Pois é! Isso acontece com quem fica pensando que condicionamento físico se mantém sem o necessário esforço continuado. Faltando ainda um mês para as Dez milhas Garoto, neste ano, abusei da comida, do vinho e das saídas com amigos à noite. Por outro lado, economizei no treinamento, como se eu estivesse querendo me poupar….resultado: andei. É triste admitir, mas dei uma andanda de uns 5 minutos, lá pelo quilômetro 11, como se já não bastasse a marcha pra lá de lenta que resolvi adotar desde o início. Para mim, a prova foi um tremendo sacrifício….espero melhorar bastante ano que vem.

serenata_AtireiopaunogatoMas, como precisamos tirar uma lição de tudo que nos acontece, ai vai ela. Quando eu estava no warm up, na companhia do amigo Artur (ex-Secretário de Transportes de Vitória – que corre muito bem), pouco antes no início da prova, a TV Gazeta resolveu entrevistar um senhor, baixinho e franzino, aparentando umas setenta primaveras, todo vestido de morte (paradoxalmente, com uma túnica toda branca), localizado logo à nossa frente. Virei pra Artur e disse:

– Artur, olha só isso. Esta é a grande chance que eu terei para “passar a mão na bunda” da morte!…. Porque se eu perder hoje para esse senhor, vou ganhar de quem, não é mesmo!?….

Artur, já concentrado, se limitou a dizer: “…sei lá…..em corrida eu já vi de tudo…”. Logo depois foi dada a largada.

Aos “frangalhos”, cruzei a linha de chegada. Avistei Artur alongando logo naquela área de dispersão, onde são entregues os chips e onde se recebem as medalhas. Não entendi o motivo, mas ele estava morrendo de rir e apontando para um cantinho, no meio daquele monte de gente suada.

Haroldo_20a._dez_Milhas_Garoto_Ago_2009_atireiopaunogato_2Fiquei pasmo! Imaginem quem estava, todo orgulhoso, sentadinho no meio-fio, comendo uma apetitosa banana e com uma medalha pendurada no pescoço? Ele mesmo: o “senhor morte”. Segundo Artur, o bendito velhinho, chegou muito antes dele, complementando a minha tristeza.

Qual lição eu tiro disso? Simples: a lição filosófica é que em se tratando de “morte”, o melhor mesmo é a gente se contentar em passar despercebido por ela. Seria realmente muita pretensão querer passar a mão na bunda dela, não é mesmo!? O mais fácil é que aconteça o contrário, como eu mesmo testemunhei….rs

A lição prática é que a corrida é um esporte extremamente democrático e, por isso, apaixonante. As aparências enganam e os resultados acontecem na proporção exata de sua dedidação e treinamento. Foi quando aquela vozinha interna gritou pra mim: “vai treinar, vagabundo!”….

HSF

Publicado por

Haroldo Santos Filho

Advogado, contador, consultor de empresas, especialista em processo civil e direito tributário, mestre em administração, gosta de viagens, fotografia, cinema, corrida e tênis

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