Corrida de Montanha – por Léo Freitas

“Olá Pessoal,

Este post eu gostaria de dedicar especialmente a minha madrinha Rosângela que ficou interessada ao assistir ao vídeo do Anton Kupricka e sobre a filosofia Running Free.

A cada ano que passa a corrida vem tomando as ruas e mais adeptos. Com isso o mercado vem crescendo e cada vez mais se vê tantos modelos de tênis e acessórios para corrida.

Os modelos de tênis vêm crescendo e os lançamentos e pré-lançamentos estão acontecendo com intervalo de tempo cada vez menor. Os acessórios estão sendo criados para atender as “necessidades” dos corredores e ao invés de ver pessoas correndo nas ruas, o que se vê é uma enorme quantidade de acessórios sobre um ser não identificado.

Correr é natural do ser humano. Assim que aprendemos a dar os primeiros passos o próximo estágio é a corrida. Com isso as brincadeiras de corrida e assim sucessivamente. A corrida faz parte da nossa vida.

Os primórdios utilizavam a corrida como forma de sobrevivência. Como não somos seres velozes capazes de capturar certas presas, os primatas utilizam o enorme poder de resistência do ser humano para se manter atrás da presa por longos períodos cansando a mesma para em seguida abatê-la. Esses seres não utilizavam nada, corriam descalços e levavam apenas as ferramentas de caça. A água era proveniente de lagos e rios e assim seguiam atrás das suas presas. Muitas outras civilizações posteriores utilizam a corrida como forma de deslocamento e caça percorrendo longas distâncias.

A corrida é uma atividade simples que não requer absolutamente nada que não seja sair por ai e correr. Porém, as pessoas transformaram isso e tornaram o que era simples em uma atividade extremamente complexa.

Os corredores de rua de hoje se preocupam muito mais com pares de tênis, acessórios, metodologias complexas de treinamento do que com a atividade em si. Muitos não sabem nem o que é corrida, mas já dão os primeiros passos preocupados com ritmo, freqüência cardíaca, zonas de treinamento, tipos de treino, etc. Estão o tempo todo competindo, até mesmo transformando os treinamentos em competições com outros corredores. Sem contar com o desfile de moda.

Em geral, os corredores de hoje em dia querem muito mais aparecer com roupas, equipes esportivas, publicações de treinos medíocres em sites de relacionamento que verdadeiramente correr. Não podem participar de um evento e alcançar um pódio na categoria mesmo com um número ínfimo de participantes que já sentem a necessidade imensa de postar em sites de relacionamento.

Quando comecei a praticar a corrida de montanha percebi o quanto os corredores desta modalidade são reservados e simples. Fiz várias pesquisas na internet sobre os melhores corredores do mundo, competições e percebi que os grandes campeões são pessoas simples, com uma vida normal no dia a dia e com uma maneira muito diferente de ver a corrida. Fiquei um pouco intrigado no início e hoje compreendo muito bem esse jeito de ser.

O corredor de montanha de alguma maneira tem uma ligação muito forte com o campo e muitos passaram grande parte da vida em contato com a natureza, subindo montanhas, fazendo grandes caminhadas, cuidando de roças e sítios. São pessoas que carregam um prazer incondicional por estar em áreas verdes, admirar as paisagens, sentir o ar limpo do campo, beber água no riacho, enfiar no pé na lama, ficar todo sujo de terra e no final de tudo sentar em uma pedra e apenas escutar o barulho da floresta.

A simplicidade tem a ver com a maneira como encaram a vida e como percebem o verdadeiro espírito da corrida e sua relação com as montanhas e suas origens. Acessórios e equipamentos em excesso nada tem a ver com esse ambiente assim como desfiles de moda e necessidades de aparecer como acontecem nas corridas de rua. Todas as pessoas que estão nas montanhas percebem o quanto somos seres insignificantes perto destes ambientes hostis. O respeito pelas montanhas sempre prevalece e a ajuda pelo próximo é algo natural.

Cito aqui alguns nomes deste esporte que admiro e respeito bastante como: Exemplos para mim de simplicidade e de fantásticos corredores.

Marco Olmo: http://www.youtube.com/watch?v=3pGSNzcuzvQ

Scott Jurek: http://www.youtube.com/watch?v=Qo4iQ04ZIZ8&feature=related

Geoff Roes: http://www.youtube.com/watch?v=z5AzvOLUtOI

Anton Krupicka: http://www.youtube.com/watch?v=bicmp2yyrFk&feature=related

Não poderia também deixar de citar o George Volpão. Grande corredor de montanha brasileiro que tive o prazer de conhecer e foi um cara que me incentivou e me ajudou muito a iniciar neste esporte (www.georgevolpao.blogspot.com). Um cara simples, atencioso e que fala o que quer sem se preocupar com os outros (Hehehe).

Quem quiser conhecer um pouco mais sobre essas feras é só assistir os vídeos acima e fazer uma busca na internet e aprender um pouco sobre montanhas e vida simples!!!

Um forte abraço a todos e boas corridas!!!
Léo Freitas”

Link: Corredores de montanha (domingo, 14 de agosto de 2011)

David Blaikie, ultramaratonista canadense…

Talvez a essência da Ultramaratona seja sua suprema falta de utilidade. Não faz sentido, num mundo de naves espaciais e supercomputadores, correr vastas distâncias a pé. Não há dinheiro e nem fama envolvidos na maioria das provas, freqüentemente nem mesmo há a aprovação dos familiares e entes queridos. Mas como afirmam poetas, apóstolos e filósofos desde os mais remotos tempos, existe muito mais na vida que a simples lógica e o bom senso. Os Ultramaratonistas percebem isso instintivamente. E eles sabem algo mais que está perdido no sedentarismo. Eles entendem talvez mais que ninguém, que a porta para o espírito se abrirá com o esforço físico. Ao correr tão longas e extenuantes distâncias eles respondem uma chamada do mais profundo de seu ser – uma chamada que responde quem realmente eles são”. ( David Blaikie) 

Veja também aqui um texto muito interessante sobre ultramatona, escrito por André Vasquez*, consultor da Webrun. (De onde colhi esta frase do Blaikie). 

*Aproveitem para observar e admirar o vasto currículo de corridas do André Vasquez……..codeloco……..