Dalai Lama e um de nossos principais paradoxos

 

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“… Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde.
E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer… e morrem como se nunca tivessem vivido…”


Rotina amiga (?)

rotina

Andei meio sumido aqui do blog. Não terá sido a primeira, nem a última vez em que “precisarei” me ausentar. Isso, certamente, acontecerá muitas outras vezes. Porém, não deixando passar em branco, devo dar uma boa razão (…desculpa…) para o acontecido, mantendo sempre bem informados os meus inúmeros e assíduos leitores (…meus filhos e minha mulher…).

A razão chama-se rotina. Se o blog não estiver completamente inserido nela, ele é deixado de lado, quase que inconscientemente. Mas, por incrível que pareça, eu gosto da rotina! Não tenho nada contra a rotina. O problema é que a rotina é que não gosta de mim. Ela implica comigo. Isso fica claro quando ela se apresenta a mim, muitas vezes, sem uma única mudança sequer, como quem quisesse testar o meu equilíbrio e a minha capacidade de resistir a sessões de torturas.

É quando, por exemplo, o caminho entre o trabalho e a casa fica imutável, com precisão de GPS, ao longo de meses. É quando aquele horário de dormir e de acordar impregnam você a tal ponto de atrapalhar até aquela programação extra, fora de hora e romântica, com a esposa que, há muito, espera por isso. É quando a leitura sagrada do jornal matinal de domingo, após a corrida, ofusca o seu interesse naquela nova peripécia do filho, plantando bananeira! Uma vozinha bem ao fundo clamando “…pai, olha! Ooooooolha pai, o que eu consigo fazer…“, enquanto sua única preocupação é de não perder aquele ponto imaginário no texto, onde foi obrigado a parar, logo na hora em que iam ser revelados os planos de Barack Obama para o Mundo…

Eu me acho tolerante, mas quando chega neste ponto, aí eu me emputeço com a rotina. Mando ela à merda e faço o que para muitos é loucura. Falto ao trabalho de vez em quando, para fazer algo de meu único interesse ou só para ver filhos fazendo macaquice. Largo o carro na garagem e volto do trabalho a pé (ou correndo) só pra ver a cara de babaca que a rotina faz quando se vê abandonada. Dispenso um cliente só para ter tempo de registrar algumas bobagens no meu blog. Sinto-me livre, humano! Completamente grato pelo fato de estar vivo.

Pena que dura pouco! A danada da rotina, sorrateiramente, vai reentrando devagarzinho na vida da gente e, não sei porque, a gente acaba fazendo as pazes com ela e, quando menos se percebe, volta tudo a ser como antes. Até o dia em que a gente brigar novamente.

Mas, de tudo isso, principalmente nas brigas, a rotina, mesmo sem saber, me presta um enorme favor, pois fortalece a minha certeza de que, se realmente quisermos, podemos estar no comando. Podemos fazer tudo de um outro jeito. Um jeito mais prazeroso ou, simplesmente, diferente. Um jeito mais criativo. Podemos até, num rompante de coragem e ousadia, mandar o planos de Obama reservados ao Mundo às favas, para simplesmente conversar com um filho e aprender como se joga Grand Chase, no computador. É o verdadeiro Nirvana!

Ainda que não façamos disso o nosso dia a dia, já é muito bom saber que está em nossas mãos a decisão. É por isso que, mesmo que alguém não acredite, volto a dizer, eu gosto da rotina!

HSF