Abrindo o baú…

No início do ano passado, depois de um joguinho de tênis, conversava com um amigo que se dizia envergonhado, toda vez que lembrava do trabalho que fez durante 10 anos em São Paulo. A empresa para a qual trabalhava atuava na área de “reengenharia”, “downsizing” e reestruturação empresarial. A função específica dele era a de demitir! Para isso, em alguns casos, dizia a verdade e em outros, nem tanto. Disse que até hoje ficava com rosto vermelho ao lembrar de quando demitia um colaborador que há 25 anos se dedicava à mesma empresa e que ainda tinha de incentivá-lo com algo que não acreditava ser provável: “…fique tranquilo que nossa empresa vai colocá-lo em um programa de reposição ao mercado trabalho. Breve o senhor estará novamente empregado…”.

Lá pelas tantas, ele me vem com a seguinte pergunta:

– E você? Também deve ficar envergonhado quando lembra daquele tempo em que acabou saindo candidato ao governo e participou daqueles debates, não é!?…

– Por que você acha isso? (perguntei para ganhar tempo…rs)

– Ora, porque quase não vejo você tocar neste assunto.

– De fato falo pouco neste assunto, mas isso não tem a ver com “vergonha”. Sou um técnico e hoje me dedico 100%  à minha profissão e a minha empresa de consultoria empresarial e acho que voltando ao tema político de 2002, eu acabaria provocando nas pessoas uma “confusão” desnecessária. Mas, diferente de me envergonhar, tenho é muito orgulho de ter passado por aquela experiência de vida.

– E você ainda tem as gravações daqueles debates, entrevistas e programas eleitorais?

– Boa parte eu ainda tenho sim. (Cocei a cabeça para ajudar a lembrar onde eu teria enfiado aquele monte de fita VHS…)

– Então por que você não coloca no ar, naquele seu blog? Isso sim, seria a prova de que se orgulha daquela sua “exposição”….kkkkk

(Silêncio…)

– Tá bom, combinado! Em 30 dias o material estará no “atirei o pau no gato”…

– Duvido! (disse ele, para me provocar).

– Vale um daqueles bons vinhos que você toma com a madame em dia de aniversário de casamento? (Minha vez de provocar…)

– Vale. Fechado!

Ouvir tão rapidamente aquele “fechado” foi um tiro de misericórdia na minha pretensão de “esquecer” aquele assunto, tão logo a gente fosse pra casa. Não por tornar público, novamente, momentos que foram veiculados pela TV, na época. Mas, principalmente, pelo baita trabalho que ia dar para encontrar as fitas, digitalizá-las e enviá-las ao “Youtube”.

Pois bem! O acordo acaba de ser cumprido! Não sei se valerá mais aquele desejado vinho, pois aqueles 30 dias foram, em muito, extrapolados. Mesmo sem vinho, fico feliz com o cumprimento do acordo…

De toda forma, nestas horas, entra em ação a veia política que enaltece o cumprimento de uma promessa e justifica o atraso na sua realização: “…antes tarde do que nunca!….

HSF

 

CAMPANHA

 

ENTREVISTAS

DEBATES

Campanha Ford Fusion – motorista – erro 2

Para finalizar a análise da campanha publicitária do Ford Fusion, não poderia deixar de comentar a última peça, alusiva ao lançamento do “Novo Fusion 2010”, realmente, um “senhor” carro.

Como as demais produções, já citadas, esta não fica pra trás em nada. Uma fotografia muito bem feita, cortes oportunos e uma linha de raciocício perfeita. Isso sem falar no inesquecível fundo musical entoado pelo “hino” “Back in Black”, do AC/DC. Mas, aí vem aquela velha história das incongruências surgidas a partir do conhecido slogan “…quem dirige, fez por merecer…”.

A tônica desta vez foi a seguinte: um almoço de negócios e executivos se imaginando onde e como gostariam de estar daqui a 5 anos. É claro que, de forma até meio pobre, quando se trata de metas e sonhos, os desejos dos personagens, naquele futuro não tão distante, envolvia sempre um Ford Fusion, como símbolo de status e sucesso…

Mas, teve gente que chegou a comentar comigo que a propaganda era altamente feminista, porque enquanto o cara se imaginou ao lado da linda “colega de trabalho” (…”faturando” ela, né, é claro!!…rsrsrs….), dirigindo um Ford Fusion, naquele futuro imaginário, a mesma colega, havia construído um futuro um “pouquinho” diferente para ela, nos próximos cinco anos. O futuro dela continha os mesmos elementos imaginados pela rapaz, ou seja, um carrão, um cara e ela, só que com uma sutil mudança: o cara que era o seu colega de trabalho, estava “vestido” como seu motorista de luxo, enquanto ela lia o seu jornal, imponente e poderosa, no banco de trás do Fusion……Hahahaha…sacanagem, não!? Isso até me faz lembrar de uma frase infame e machista que diz que quem gosta de homem é o “bicho-bambi”, porque mulher gosta mesmo é de dinheiro. Absurdo isso!!! Só repeti aqui para ilustrar, por favor, hein, feministas de plantão!….rs…

Assim, mais uma vez a cena surpreende pela ousadia e pelo inusitado, chegando a ser engraçada. Só que, infelizmente, de novo, o conteúdo da peça vem por contradizer o velho e bom slogan :”…quem dirige, fez por merecer…”.

Afinal, o cara era um alto executivo, foi dirigir um Ford Fusion, 5 anos depois e acabou como um motorista de uma alta executiva. Nada contra ser motorista, mas não resta dúvida de que o cara (que estava dirigindo o Ford Fusion como motorista) fez um péssimo negócio em seus planejamentos profissionais futuros. Concorda!?

Tem jeito não! A minha humilde sugestão à Ford é que não mude a equipe de produção nem a empresa de publicidade, pois têm demonstrado elaborar um ótimo conjunto visual e publicitário. Mas, por favor, mude o slogan e passe a divulga-lo como: “…quem tem um Ford Fusion, fez por merecer…”! Acho que assim, as incongruências desaparecerão e a campanha, a meu ver, terá a nota máxima.

HSF

Campanha Ford Fusion – chefe viajou – erro 1

Apesar da ousadia e da ótima qualidade das peças publicitárias da Ford, na divulgação de seu veículo Fusion, como já tive a oportunidade de mencionar, aquele slogan “…quem dirige, fez por merecer…“, tem causado algumas incoerências na sua interpretação, ao menos para mim.

Um exemplo é a peça em que o dono de uma empresa ao comprar um Ford Fusion, acaba se beneficiando de uma promoção e ganhando uma viagem internacional.

No dia seguinte, de manhã, chega na empresa um empregado “padrão” (“figuraça”) e estranha o aparente marasmo que vê. Gente pendurada no telefone, resolvendo questões pessoais, gente com os pés sobre a mesa pintando as unhas, um verdadeiro “banzé” do mais baixo nível! Quando pergunta o que estava acontecendo, o desavisado empregado se indigna por ter sido o último a saber que tudo aquilo se devia em função de o chefe ter saído em viagem. Na mesma hora, o cara joga toda a “papelada” que estava em suas mãos no chão e exclama “...brincadeira, hein!?….vou dormir!!...”. E sai…

Enquanto o texto em “off” reitera a frase de que quem dirige um Ford Fusion fez por merecer, fico aqui pensando o que será que este empresário, coitado, fez para merecer colaboradores tão covardes (porque fazem pelas costas), pouco ambiciosos, incompetentes, desleais e medíocres? A imagem que a propaganda passa daquela empresa e daqueles empregados é a pior possível. Concluo, quase que imediatamente: se o preço para ter um Ford Fusion é ter uma empresa com este padrão de qualidade e contando com essa gente descompromissada, prefiro não ter. Afinal, que tipo de sucesso seria esse, não é verdade!?

A gente conhece aquele ditado que diz: “...quando o gato sai, os ratos fazem a festa…“. Com base nisso, a peça até que tem o seu lado engraçado, até porque, “humor” nada mais é do que aquilo que tem graça só porque aconteceu com o outro…rsrs….mas, se fosse você o dono desta empresa (espelunca…..rsrs….), tenho certeza de que não acharia graça em nada.

Na minha empresa, talvez, não seja tão diferente assim, quando viajo, mas o que se espera da turma é bom senso e o mínimo de responsabilidade, ainda que eles possam se sentir um pouco mais soltos, sem o “incômodo” permanente dos olhos do “patrão” sobre cada atividade.

Como também já fui empregado, de fato admito que a gente até acabe trabalhando com um pouco mais de tranquilidade ou menor pressão, ao saber que o “chefe” estaria a alguns quilômetros de distância…rsrs…. Mas, daí a chegar mais tarde ou sair mais cedo, inventar “H” (doença em papagaio, sogro, avô, avó, cunhado, sogra, filho, filha, pai, mãe,  marido, vizinho, etc…) para faltar ao serviço ou, simplesmente, embromar em suas obrigações contratuais, trata-se de uma prática repugnante e que, se devidamente comprovada, deveria ser punida com a mais absoluta e sumária demissão. Gente assim, não agrega em nada em empresa alguma. São dispensáveis!

Por tudo isso é que tenho um sentimento muito negativo quando vejo esta peça que, apesar de bem feita, a meu ver, ao contrário do que provavelmente intencionava o marketing da empresa, não nos passa a idéia de que aquele que dirige um Ford Fusion foi, realmente, premiado.

Para mim, este empresário deveria voltar logo de viagem, vender o Ford Fusion e, com a grana, reestruturar a sua empresa, mandando embora toda aquela “putada” que não gosta de trabalhar e contratar gente de valor. Posso garantir que, levadas a sério, estas radicais e necessárias mudanças, muito em breve, a frase adequada à nova situação poderia passar a ser: “.…quem dirige uma Mercedes, fez por merecer…“.

HSF