Foi roubar de “Deus” e acabou no purgatório

Eu já vi golpes na praça, de todo tipo. Alguns, são tão bem elaborados e criativos que, por isso, acabam chamando a nossa atenção. Já, outros, são golpes comuns, que a gente vê toda hora, mas que, infelizmente, ainda funcionam. Mas, um crime tão mal elaborado e “amador”,  igual ao que foi noticiado hoje, pelo Gazeta online, eu nunca tinha visto, de tão fraco. Seria até hilário se, antes, não fosse trágico. Acho que nem meu filho de 11 anos cairia numa mentira dessa, criada só com o objetivo de extorquir dinheiro. O tipo penal é aquele velho e conhecido “171”, estelionato.

A história, sem pé nem cabeça, foi mais ou menos assim: um advogado de 25 anos, devendo uns 5 mil reais na praça, resolveu pegar um pastor pra “cristo”, sem trocadilhos baratos, e tentar resolver a sua situação financeira. Aí, ele esperou o pastor acabar o culto e, ao final, chamou aquele representante de Deus para uma conversa, digamos, mais ao pé do ouvido e iniciou a aplicação do golpe, contando que ele tinha conhecimento de que o pastor e seu contador estavam sob séria investigação da Receita Federal e que o valor final a pagar, entre tributos e multas, seria uma exorbitância. Todavia, o tranquilizou, dizendo que se ele depositasse a bagatela de R$ 500 mil reais em uma continha de uma determinada empresa de “consultoria”, tudo seria resolvido, com certeza! Ahhh bom…..

O bom pastor, apesar de surpreso com aquela história (de péssima qualidade!), velho de guerra, pediu um tempinho e seu ausentou do recinto, provavelmente, dizendo que iria averiguar com seu contador, a possibilidade de levantar aqueles fundos e resolver de vez aquele “problema”. Coisa nenhuma! Nem pensou duas vezes: ligou para a polícia! Depois voltou para o local da “negociação” e continuou dando corda para o estelionatário em início de carreira……naquela altura, já convencido de que iria conseguir pagar a sua dívida e depois se aposentar, só vivendo da renda auferida da diferença apurada no golpe. Neófito que só ele!…… rsrs…..

A polícia chegou, interrompeu aquela “agradável” negociação e levou o rapaz preso (como não poderia ser diferente). Dizem que o pastor, segurando a Bíblia, virou para o detido e ainda disse: “ …que Deus lhe ajude, meu filho…precisando, estamos por aqui....”. Pô, pastor, essa foi uma obra-prima em sarcasmo, hein?! rsrs….

No depoimento, o jovem advogado, reconheceu seu erro e se disse arrependido. Também afirmou que é evangélico (igualzinho ao pastor que ele tentou “pungar”…) e que, depois que for libertado, pretende continuar normalmente na profissão. Fiquei pensativo……de qual profissão ele estaria se referindo? A de estelionatário ou a de advogado? E ainda que fosse a de advogado, qual vai ser a sua especialidade preferida? Penal tributário, talvez….?! rs….

Moral da história: se roubar do homem já nos parece ser um mau negócio, o que dirá roubar de Deus, não é verdade?!….

De uma coisa eu tenho certeza: passada toda essa turbulência na vida desse rapaz, ele será mais um ardoroso e penitente evangélico no pedaço. É sempre assim. Será daqueles que andam com a bíblia debaixo do braço e que estão sempre propagando as vantagens de ter “conhecido o senhor Jesus”. Será um fiel frequentador de igreja evangélica como qualquer outro, com uma única diferença: o seu dízimo, será exigido adiantado, por parte do pastor. Quer apostar?

HSF

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Como pode?

Ontem, o bicho pegou em pleno Shopping Vitória! Quatro assaltantes, muito bem armados, entraram no Shopping e foram direto para o Banco do Brasil, sabedores de que era próxima a hora do transporte de valores feita por estas empresas de vigilância. Foi uma merda geral! Tiro pra todo lado e, pior, dois vigilantes mortos (com tiros na cabeça) e uma criança ferida na perna, sem risco de morte. Os caras levaram os malotes com a grana e saíram do local, pra variar, de moto.

A pergunta que me faço talvez tenha sido a mesma que esses bandidos fizeram enquanto planejavam seu feito. Como pode ser possível que quatro vagabundos, armados até os dentes, possam entrar num Shopping, com uma porrada de seguranças (bem vestidos de colete e gravata), com central de monitoramento e filmagem abrangendo quase até as portas dos banheiros, fazer o que fizeram? É verdade que a operação foi rápida! Mas, saírem sem deixar pistas? A minha reconhecida ignorância em matéria de segurança não me permite entender.

Parece coisa de gente velha, mas não é de hoje que quando me deparo na rua, com aqueles carros blindados e os vigilantes com dedo no gatilho olhando de uma lado a outro, enquanto seus colegas carregam sacos de dinheiro para dentro ou pra fora de um banco, chego a mudar a direção de meu trajeto. Se for preciso, atravesso a rua e me mantenho bem distante daquela cena dantesca.  Sempre fiz isso, porque sei que ali é potencialmente um momento do “tudo ou nada” pra quem pretende botar a mão na grana alheia. É como se algo me dissesse: “sai fora porque pode dar merda!”. Foi numa cena semelhante a essa que tudo aconteceu ontem.

Como a cerca sempre é reforçada depois de uma bem sucedida invasão, acredito que neste caso não será diferente. Novas tecnologias e novas rotinas de segurança serão implantadas a partir de logo. Se em Shopping Center, normalmente, tudo é mais caro por ser este um local que transmite ao cliente a necessária segurança para circular com a família, como fica esta certeza a partir de agora?

Quando entro num saguão de um aeroporto, acho um saco ter de passar por todo aquele aparato de segurança, de revista pessoal, detectores de metal e de tantas outras técnicas investigativas. Mas depois, devo confessar que é um dos lugares em que me sinto mais confortável em matéria de segurança. Sei que ninguém vai enfiar uma faca ou um “tresoitão” no meu fígado e fazer meu notebook, sem eu poder emitir um único pio. É o alto preço que se paga por um mínimo de segurança.

Sou pessimista quanto ao nosso futuro, principalmente, para quem vive em cidades grandes. Sei que, cada vez mais, precisaremos ser “incomodados”, tal qual se faz em aeroportos, para que possamos ter a mínima garantia de que um passeio no Shopping ou na praia, por exemplo, não se transformará em tragédia.

Não tenho, nem nunca tive nenhuma vocação para encontrar justificativas para o mundo ser como ele é. Procuro viver a minha vida respeitando e esperando respeito de quem me cerca. Entender a mente de um bandido que mata a sangue frio por dinheiro, vai muito além de minhas pretensões de vida, como pragmático que sou. Para estes casos, existem inúmeras pessoas que, engajadas nos direitos humanos, fazem um invejável trabalho que, indubitavelmente, deve contribuir para a melhoria do mundo em que vivemos.

Eu, por reconhecida incompetência na área humanística, me limito a torcer. Torcer para que a segurança dos centros comerciais para os quais levamos nossas famílias possam melhorar consideravelmente. E, por fim, torcer muito para que estes quatro marginais sejam descobertos e se vejam desprevenidos no meio de um fortíssimo e insuperável cerco policial e que, em momento algum, hesitem em reagir violentamente à prisão, com todas as suas forças. E que se faça a desejada dicotomia: sofrimento, dessa vez, de suas famílias e um enorme favor para a sociedade.

HSF

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