Falando difícil

Rui_Babosa_atireiopaunogatoEsta eu recebi de uma grande amiga, Jane Moura, exímia conhecedora do português e também do bom e velho inglês, ao se referir aos conhecidos exageros de linguagem, vistos com certa regularidade, em alguns textos.

HSF

Conta a história que o grande jurista Rui Barbosa, num certo dia, ouviu barulho estranho no quintal de sua casa e foi verificar o que era. Deparou-se com um homem muito mal vestido que estava roubando aves. Rui Barbosa reverberou:

– Oh, bucéfalo anácroto! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos  bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito de minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes  isso por necessidade, transijo, mas se é para zombares de minha elevada prosopopeia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima  potência do que o vulgo denomina nada.

 O  ladrão perguntou:

– Dotô, eu levo ou deixo os patos?”

Dalai Lama e um de nossos principais paradoxos

 

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“… Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde.
E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer… e morrem como se nunca tivessem vivido…”


Montaigne e a atitude perante a morte

Quando descrevi aqui a emocionante luta pela vida de nosso vice-presidente José Alencar, enfatizando a grandeza de espírito que ele demonstrava diante de circunstâncias tão delicadas e pessoais de sua vida, parece que toquei em tema bastante polêmico e que, pelo número de visitas do referido post, é tema recorrente em muitas mentes.

Mas, não é de hoje que este assunto vem sendo tratado pelas pessoas, principalmente por pensadores. O filósofo francês, Michel Eyquem de Montaigne,  do século XVI, exprime bem este pensamento em um de seus ensaios, com uma frases das mais célebres de toda a sua coleção:

 

Michel de Montaigne
Michel de Montaigne

 

 

“…nada mostra com tanta clareza a estatura de um homem como a sua atitude perante a morte..”

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Privilegiados, somos nós, Sr. vice-presidente!…

Poucas vezes lembro de ter me emocionado, verdadeiramente, diante das declarações ou das atitudes de algum político. Não por eu nutrir qualquer tipo de idéia pré-concebida de que políticos “mentem” ou “só querem se dar bem”, como volta e meia, ouve-se por aí. Não! Nem teria sentido, pois além de discordar desta “regra geral”, a minha convivência com políticos e até mesmo como político não me deixariam em posição confortável para assumir tal postura, tão alicerçada no “lugar-comum”.

Mas, defendo com a mais absoluta convicção, de que na maioria dos casos, os políticos, por força de seu ofício, precisam apresentar verdades circunstanciais ou, em outra hipótese, precisam “confundir” seus observadores, enquanto planeja, intimamente, exatamente aquilo que quer. Em linguagem mais popular, como já ouvi, algumas vezes, da boca do próprio Governador Paulo Hartung, deve-se fazer como cavalo da roça, que vira a cabeça para a esquerda, mas faz a curva para a direita.

Entretanto, em um determinado momento, único, os políticos conseguem marcar e emocionar, de verdade, o seu público. É quando se deixam ser humanos, como nós. É quando se vêem diante de uma situação que nada combina com acordos, “canetadas”, apertos de mãos, trocas de favores ou qualquer outra prática tão comum em suas vidas profissionais. É quando se vêem diante de uma grave doença ou da própria morte, por exemplo. Continuar lendo Privilegiados, somos nós, Sr. vice-presidente!…