Rodeios: só para desumanos

Com o nobre objetivo de tentar harmonizar a difícil convivência do predador ser humano e os demais animais do planeta, em 1998, foi criado o PEA (Projeto Esperança Animal) que é uma Entidade Ambiental, qualificada como OSCIP.

Através de um trabalho de conclusão de curso da então aluna Ana Gabriela de Toledo deu-se início a um arrojado projeto voltado para a preservação dos animais silvestres brasileiros, com impactos diretos nos ministérios do meio ambiente e do turismo.

No segundo semestre de 2002 iniciou-se uma seqüência de reuniões com a intenção de aproximar pessoas e originar uma entidade ambiental que atuasse com determinação em busca dos objetivos do grupo. Em 27 de agosto de 2003 a PEA foi oficializada como pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos.


Em 14 de setembro de 2005 a PEA recebeu a qualificação de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fornecida pelo Ministério da Justiça.

Veja aqui um video do PEA que trata, até que ainda timidamente, da crueldade encontrada por detrás dos famosos “Rodeios” (já tratei disso no post “sempre torço para o touro“). Certamente, um “entretenimento” pra gente desumana, desinformada, alienada e idiota.

HSF


Sempre torço para o touro

BULLFIGHTING-SPAIN-SAN FERMINPoucas tradições criadas pelo homem, ao longo de sua evolução história e cultural, são tão idiotas e sem sentido como aquelas que envolvem animais irracionais, via de regra, sendo maltratados para o deleite de um bando de covardes.

Desde garoto, não faço idéia porque, nunca gostei de filmes, atividades ou apresentações que tivessem como “artista” principal um bicho. Sempre tinha a nítida sensação de que aquele pobre animal não havia pedido para ser “astro” e, ainda pior, se pudessem ter a consciência de sua existência, talvez odiassem o ser humano que o escravizou e o desvirtuou da sua mais pura natureza, por dinheiro.

A tourada, por exemplo! Que me desculpem as nações que conseguem vibrar com aquela selvageria, mas aquilo é uma “escrotice” sem tamanho. Um animal gigante, normalmente dopado, é induzido ao erro ao preparar ataques a um sujeito ridiculamente vestido, com corpinho de bailarina e um pano vermelho, cujo verso esconde uma ou duas espadas bem afiadas (isso, para o caso de se precisar antecipar o final do “show”). Aos gritos de uma platéia dominada pelos seus extintos mais longíquos, o animal sofre a cada “espetada” que toma no dorso, enfraquecendo, pouco a pouco, até que o “ato de misericórida” desferido pelo toureiro, em sua nuca, o faz sucumbir. Dizem que depois de tudo, aquele animal morto vira comida de pessoas carentes. Grande coisa!… Realmente, me pergunto: como é que alguém pode gostar de ver isso!?

Aqui no Brasil temos os rodeios que, segundo seus defensores mais ardorosos, “nenhum animal sofre”. Nunca fui a um, nem tenho vontade de ir. Mas, nada me tira da cabeça que aqueles bezerros laçados à distância e que depois precisam ser amarrados em tempo recorde, virando um pacote em que somente seus olhos se movem, não me parece ser uma diversão para eles tanto quanto parece ser para toda aquela gente, vibrando na arquibancada, ostentando grandes chapéus de vaqueiro e suas hipertrofiadas fivelas de cinto. Eu respeito quem gosta, sim, mas acho aquilo tudo ridículo!

Na Espanha e em diversos outros países existe uma secular tradição, numa determinada data do ano, em que touros são soltos pelas ruas e um monte de babaca fica correndo atrás e na frente, como que desafiando o “perigo”, enquanto apedrejam, espantam, furam, cortam e maltratam o animal, cujo fim, normalmente, não é diferente daquele seu primo da tourada.

Homem_Touro_Ruas_atireiopaunogato

Espetáculos circenses mais modernos já perceberam que pouca gente quer ver elefantes, chimpanzés e leões fora de seu habitat natural, fazendo “graça” como se fossem crianças de 2 aninhos, fazendo a família vibrar com a sua precocidade e capacidade de pular de um banquinho a outro. Nesta corrente, foram criadas duas categorias de espetáculos: aqueles que vão de carona no maravilhoso Cirque de Soleil (sem bichos) e aqueles, decadentes, que ainda precisam divulgar seus números desfilando pela cidade, em uma caravana mal cheirosa, com animais enjaulados e “descontentes”.

É por estas e outras que a minha torcida SEMPRE será para o animal, quando maltratado no picadeiro. Querem me ver vibrar, como se o Vascão tivesse enfiando uma goleada no rival rubro-negro, é quando um touro levanta a 3 metros do chão seu algoz de “roupinha bordada” ou quando atropela um idiota qualquer, nas ruas de Pamplona, sem piedade! É quando eu costumo gritar “olé”!!…

Crueldade de minha parte? Desvio de caráter? Acho que não. Da mesma maneira que se explica o gosto daqueles que se divertem com o sofrimento de um mamífero inocente, no meu caso, talvez, também seja somente um reflexo de nossa tradição cultural que nos faz se afeiçoar aos “pobrezinhos” e  sempre nos coloca do lado da torcida pelo mais fraco, por mais improvável que esta vitória pareça ser.

HSF