Estradas brasileiras, vilãs do turismo interno

Depois de muito tempo, acabei baixando a guarda e aceitando o convite de amigos para fazermos uma viagem com a família de carro. Resolvemos ir para Teresópolis (RJ), “descansar” na Pousada Urikana (excelente!), com programação de ida à Petrópolis (RJ), para que as crianças pudessem conhecer um pouco de nossa história, principalmente, aquela contada pelo Museu Imperial. Programa simplesmente imperdível, para adultos e crianças!…

A viagem em si, foi ótima! Belas paisagens, ótima história e sensacional companhia de amigos. Além disso, como sempre, uma imersão forçada com a família, sempre favorece o estreitamento destas relações que, no corrido dia-a-dia, sofrem com as nossas ausências.

Mas, a dureza mesmo foi chegar. Tenho horror a dirigir em estrada. Acho, inclusive, um idéia de jerico enfiar a família num carro e viajar por mais de 2 horas. Imagine então 6 horas!? Uma insanidade, considerando o permanente risco que se corre nestas circunstâncias. Mas, tem hora que a gente precisa ser menos intransigente e aceitar a vontade da maioria. Foi o que fiz, caindo na estrada.

Resolvemos curtir o bucolismo das estradas vicinais, sem caminhões e com paisagens lindas durante todo o percurso. Foi aí que fui parar numa estrada criminosa, a RJ-186 transformada em MG-393, especificamente, o trecho compreendido entre Santo Antônio de Pádua (RJ) e Além Paraíba (MG), passando por uma “grota” (com todo respeito) chamada Pirapetinga (MG).

A estrada era só cratera. Consegui me livrar enquanto foi possível, até que passei por um trecho que, dada uma certa combinação de fatores, tecnicamente conhecido como “azar fudido”, não tive como evitar o pior. Isso me custou dois (eu disse dois!) pneus rasgados e duas rodas de liga leve empenadas (ambos do lado direito do veículo). Foram quase três horas parado na estrada à noite e com duas crianças no carro perguntando se ia demorar, a cada 5 minutos. O estresse era tão grande que nem foi possível aproveitar aquele céu estrelado, que se apresentava majestoso sobre nós…rs…

Não fosse a rapidez e boa vontade de um casal amigo que viajava conosco em outro carro, talvez, tivéssemos ficado o dobro do tempo parado ali, a mercê da sorte. Ficou clara a primeira grande lição: nunca viajar sozinho de carro.

A segunda grande lição é a seguinte: não deixe de viajar com a família e amigos, mas se esforce (gastando um pouquinho mais…) para conseguir ir de avião até uma cidade mais próxima, fazendo o menor trecho possível de carro (alugado). Isso reduziria exponencialmente o risco de acidentes. No meu caso, por ter tomado um prejuízo de cerca de R$ 1.200,00 com os consertos, até sobraria dinheiro se eu tivesse feito esta opção.

Mas, no final das contas, ter podido ver meus filhos correndo pra lá e pra cá, soltando vapor pela boca, provocado pelo clima frio das montanhas e ter comemorado meu aniversário (12/junho) entre amigos da melhor qualidade, tomando um autêntico Malbec Crios, da Susana Balbo foi mais do que suficiente para a viagem ter valido a pena, superando em muito o desagradável incidente. Gostei de verdade da programação feita e agradeço muitíssimo por ter podido fazer esta viagem.

Quanto ao acidente, ainda poderemos ter um desdobramento disso, caso sigamos em frente com o propósito de acionarmos o Estado de Minas Gerais pelas estradas criminosas mantidas sob a sua responsabilidade. Quem sabe daqui a uns 40 anos, nossos netos não possam usufruir financeiramente desta nossa iniciativa, não é verdade..!?…rs…

Finalmente, a terceira e última grande lição tirada desta experiência nas estradas é tão-somente a ratificação daquilo que sempre achei e deverei continuar achando: viajar é ótimo, mas viajar de carro é mesmo uma merda! Não acha não!? Já conseguiu rasgar dois pneus em um único buraco? Rsss….