Carrinho valente

Neste final de ano, aluguei um carro para passear com a família em uma conhecida zona turística rural do Brasil.

Diante de tanto veículo 1.0, daqueles que faz a gente passar raiva de 10 em 10 minutos, sabe-se lá porque, o escolhido foi o Chevrolet Prisma 1.4 Joy, já com 60.000 Km rodados.

Tirando a barulheira do painel (coisa solta), tive uma grata surpresa! O “carrinho” desenvolveu muito bem no asfalto e na estrada de terra (muito buraco, lama e cascalho) mostrou-se valente e resistente. Nem precisava, mas ele ainda foi bastante econômico, com uso predominante das marchas 3 e 4, no fora de estrada, fazendo até 11 Km por litro de álcool.

Aprovei!

HSF

Nossa vida, nosso aquário (Feliz 2010!)

Bonito_a 007 [Resolução do desktop]Meu réveillon foi muito bom. Uma festa completa. Muitos planos para 2010 repassados na companhia de toda família. O que alguém poderia querer mais?!…

Mas, de tudo, algo me chamou a atenção. No centro da mesa havia um arranjo diferente. Era uma espécie de aquário (com três peixinhos), rodeado por uma folhagem bem verde e com duas velas flutuantes. Achei uma sacanagem de quem teve aquela idéia de usar peixes vivos para ornamentar a mesa. Mas, tudo bem. Era Réveillon.

 Comecei a imaginar o futuro daquelas três criaturas transformadas , à revelia, em enfeite de festa. O que fariam deles pela manhã? Quanto tempo ainda teriam de vida? Qual a idade deles? Onde eles viviam antes da fatídica escolha para que participassem daquela festa de Ano Novo?

 E o mais curioso era observar a interação que algumas pessoas faziam com aquele “enfeite”.

 Teve gente que entrou 2010 sem perceber que haviam três vidas naquela caixa de vidro com água. Teve gente que percebeu e ficou brincando (brincando…?) com eles com um garfo. Teve gente que, antes de completar duas da manhã, se livrou da folhagem e levou o aquário com três peixinhos para a casa. Teve gente que apagou o cigarro na água daquele “aquário”. Teve gente que pediu ao garçom que levasse aquilo da mesa para não ter de ficar olhando. Teve gente que tirava os peixinhos da água e ficava observando, friamente, a agonia de quem estava sem ar. Teve gente que deu pedacinhos de pão para os peixinhos. Muito estranho como cada um reagiu de forma diferente àquele mesmo enfeite de réveillon….

 Eu mesmo, nada fiz. Limitei-me a ficar pensando sobre o futuro daqueles peixinhos. Afinal, “pensar no futuro” não é característica de passagem de ano? Momento propício para as promessas mirabolantes. Como mágica, o beberrão se vê sem beber, o glutão fica frugal, o obeso emagrece, o sedentário vira malhador e o desumano se vê envolvido em um sem número de projetos filantrópicos. É o encanto da virada do ano. Depois tudo (ou quase tudo) volta ao normal….

 Aí começa a contagem regressiva…..5, 4, 3, 2, 1……Feliz 2010! Música alta, gritaria, e gente se cumprimentando e desejando ao próximo, ainda que estranho, votos de paz, saúde e felicidade. Ficou difícil manter minha concentração nas elucubrações relacionadas à vida daqueles peixinhos. Mas como sou racional, cartesiano, não podia largar pela metade aquele pensamento. Foi quando racionalizei (…impressionante como tudo fica mais fácil quando fazemos isso…). Pensei: ora, não sabemos nada sobre o futuro de nossas próprias vidas, imagina se poderíamos prever algo sobre a vida daqueles pobres peixinhos…..

 Quer saber? Parei de olhar para aquele centro de mesa travestido de aquário, abri a champagne e comemorei o nascimento do novo ano. Desejei a todos, inclusive aos peixinhos, um Feliz Ano Novo!

 Inusitado mesmo foi meu último desejo. Por mero desencargo de consciência pedi Àquele que pudesse estar nos observando, que não ignorasse a minha existência e que, se possível, resistisse à tentação de brincar comigo, de DEUS, tirando-me o ar ou fincando um garfo nas minhas costas, só para mostrar quem tem poder. E tudo isso só por causa daqueles peixinhos. Tomara que eu seja atendido….

 Feliz 2010! (Glup, glup…)

HSF